14 junho 2011

S A Ú D E

Remédio de graça, mas a um alto preço




Normalmente eu não uso os espaços onde escrevo para relatar experiências pessoais desagradáveis, mas essa passou de todos os limites. Então vamos à história insólita: Sou diabético e tomo diariamente 2,5 comprimidos de um medicamente que o Ministério da Saúde oferece sem custo para todos os diabéticos.

No dia 11 de maio fui à Farmácia Popular da rua Cunha Gago, no bairro paulistano de Pinheiros e entreguei a receita onde meu médico indicava que eu deveria tomar Glocoformin, ou com seu nome de princípio ativo cloridato de metformina. Meio comprimido pela manhã, um comprimido na hora do almoço e um comprimido no jantar. Até ai tudo bem. Mas veio a primeira surpresa: “desculpe, mas o senhor tem de voltar no médico e pedir para ele mudar a receita, meio comprimido não pode”. Bom, eu confio em meu médico, e se ele disse que era meio comprimido pela manhã, porque discutir?

Bom, começou uma conversa sem pé  nem cabeça, onde queriam que eu fosse buscar o remédio em outra farmácia. Perguntei se eles tinham o remédio, disseram que sim. Ai engrossei: “Tenho a receita, vocês tem o remédio, o Ministério da Saúde diz que eu tenho o direito, então vou chamar a policia e vamos todos para a delegacia e o delegado vai decidir se eu posso ter um receita de meio comprimido ou não”. Foi uma correria e então veio uma outra funcionária que disse que “abririam uma exceção”. Como só dão o remédio para um mês, e eu tomo para toda a vida, avisei: “mês que vem eu volto”. Voltei, no dia 9 de junho, pedi o medicamento para os mesmos atendentes, qual não foi minha surpresa quando disseram que não poderiam me dar. “O senhor comprou no dia 11 de maio, só podemos dar o remédio 30 dias depois”. Argumentei que entendia isso, mas que eu só tinha remédio para mais dois dias e que iria viajar. Não adiantou, me mandaram embora sem o remédio. Teria de voltar dois dias depois. “Se quiser, reclama para a doutora Dilma”, ainda tive de ouvir.

Dois dias depois fui a uma farmácia em Curitiba, onde tinha ido para o aniversário de minha neta. Apresentei a receita e recebi como resposta: “Não pode levar pela Farmácia Popular porque a receita não foi escrita pelo princípio ativo, cloridato de metformina, mas sim pelo nome comercial Glucoformin. Não adiantou argumentar que é a mesma coisa, que é remédio para diabetes, nada. Saí da farmácia sem o remédio. Passei em outra farmácia em São Paulo no dia 13 na hora do almoço, estava ficando feliz, ninguém tinha dito que eu não poderia ter o remédio, mas ai veio o golpe fatal: “Está em falta”.

No final da tarde fui a uma Drogasil na rua Harmonia, na Vila Madalena, apresentei minha receita, que a esta altura está começando a ficar ensebada. A mocinha olhou, pegou o telefone, consultou alguém e me disse que não podia, porque o médico tinha de receitar o tal cloridato de metformina. De nada adiantou meu argumento de que era a mesma coisa e que eu já tinha retirado antes na Farmácia Popular. Como não posso ficar sem o remédio, comprei uma caixa e amanhã volto na primeira farmácia para brigar pelo meu meio comprimido.

Se fazem isso com um cara supostamente bem informado e capaz de defender seus direitos, o que será que essas pessoas mal preparadas podem estar fazendo com pessoas mais carentes e humildes. Entre os absurdos que tenho visto por aí, este está para ganhar uma medalha de honra. (Envolverde)


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