Por Amphilóphilo Boaventura
Copa do Mundo - Estou deveras preocupado com a organização da Copa do Mundo no Brasil,
em 2014. Basta verificar o que é necessário fazer em termos de estádios, aeroportos, etc.
Mas, ao meu ver, existe um problema mais grave, maior. É o fato do Sr. Ricardo Teixeira ser o
manda-chuva, a autoridade maior no comitê organizador. As denúncias contra ele pipocam na
Inglaterra e Suiça, e aqui no Brasil ele é tratado como a mais ilibada figura. Não sei como sairemos
dessa.
Campeonato brasileiro - Começou o campeonato brasileiro, já foram realizadas cinco rodadas.
É o evento futebolístico mais importante do calendário nacional. É o que mantém os clubes em
atividade por um longo período. Propicia renda através de transmissão de tv, patrocínio comerciais
e vendas de ingressos. Tudo muito bem. Mas, acho que esse campeonato, assim como os outros
(estaduais, copa do Brasil), é tratado de forma amadora, pra dizer o minímo.
Para começar, falemos do calendário. Sabemos que, periodicamente, como ocorre este ano,
temos competições envolvendo a seleção brasileira. O que seria mais lógico? Interromper o
campeonato, certo? Mas, como arranjar datas depois? Entrar até dezembro, mês de férias dos
atletas? Vale lembrar que alguns clubes estão sendo prejudicados pela convocação de jogadores
para as seleções principal e sub-20, como também os jogos do campeonato sofrerão concorrência
dos jogos da seleção da CBF.
A solução, ao meu ver, é adequar nosso calendário futebolístico ao mundial, que alguns chamam de
europeu. Na Europa, por exemplo, no próximo ano haverá a Eurocopa, que ocorrerá no período
em que não existem competições nacionais. Outro detalhe: com essa adequação de calendário,
outro problema será, pelo menos, amenizado, que é o caso de transferência de jogadores, as
famosas "janelas de transferências". Hoje, os clubes brasileiros são prejudicados, pois perdem
jogadores durante a competição principal, o campeonato brasileiro.
Futebol e o dinheiro que rola - Eu tomo conhecimento dos salários de alguns jogadores e
fico abismado. Será verdade? Mas, não é inveja, não. Meu espanto é com a desproporção
entre o que o atleta ganha e o que ele apresenta em campo. Existem exceções, pra confirmar
a regra, mesmo assim acho um absurdo. Vou dar o exemplo de Ronaldinho Gaúcho. Dizem
que seu salário é em torno de 1,8 milhões de reais. Estamos em junho e até o presente momento
o dito cujo não jogou absolutamente nada, apesar de alguns, ou quase todos, "comentaristas"
acharem que "não é bem assim". Imaginemos que vamos a um show de Roberto Carlos. Pagamos
o ingresso, caro, é claro. No dia do espetáculo estamos lá. Existe alguma dúvida de que o "Rei"
dará um "show"? Só se ocorrer uma tragédia. No futebol, paga-se um ingresso caro, vai para
um estádio desconfortável, problemas de transporte público ou falta de estacionamento. E o
jogo? Não temos a mínima certeza se o craque do time, um Ronaldinho por exemplo, vá jogar
bem. Pra quem assiste em casa, como eu, tem o preço altíssimo da tv fechada.
Eu pergunto: se os diretores de clubes fossem responsabilizados por má administração, eles
contratariam jogadores com esses salários? Esses diretores contratariam funcionários para as
suas empresas particulares, pagando salários astronômicos sem cobrar retorno?
Messi e Neymar - Um dos esportes nacionais mais "disputados" é o de fazer comparações.
Quem foi melhor do que quem? Entre as figuras atuais, estão Messi e Neymar. Ao meu ver,
existe, ainda, uma distância muito grande entre eles, com vantagem para o argentino. Acho
que está clara, no aspecto técnico, essa diferença. Quero falar de outros detalhes, vamos
dizer assim, extracampo. Eu nunca vi o Messi se meter em confusão, se exceder nas comemorações
de gol (exceção na final da Champios League, quando chutou a bandeirinha de corner), tirar a
camisa, usar "penteados" esdrúxulos. Claro, isso não tem nada a ver com
jogar bola. Neymar é mais jovem. Messi também já foi mais jovem (tem apenas 23 anos, acho).
Digo isso apenas pensando no seguinte: todo jogador quer ir pra Europa, mesmo ela se desmili-
guindo economicamente, e lá o jogador, ou outro profissional, tem que ser, isso mesmo, profis-
sional, acima de tudo. Coisa que, por aqui, pelo menos no campo futebolísitico, é raro.
Espetáculo - Como eu disse, acompanho futebol pela tv, e costumo tirar o som do aparelho.
Apenas vejo. Mas, de quando em vez, boto o som pra me divertir, pois o jogo em si, na maioria
das vezes tá um saco, principalmente os jogos do campeonato brasileiro. É interessante: ou eu não
entendo bulhufas de futebol, ou o jogo que o narrador tá narrando e o comentarista tá comentando
não é o mesmo que a tv tá mostrando. Prá eles não tem jogo ruim, sem emoção. É tudo maravilhoso.
Mas, descobri o motivo: eles tão ali pra vender o produto, o futebol. Não é pra comentar, criticar,
não. É pra elogiar, enaltercer. Pois a audiência não pode cair. Assim, perdemos o senso crítico.
Isso serve pra qualquer coisa.
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Como perder uma Copa do Mundo
Mino Carta já escreveu, neste mesmo espaço, que ficará muito feio para o Brasil organizar mal a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Referiu-se, com sua costumeira lucidez, aos incomensuráveis estragos que serão causados à agora positiva imagem do País no Exterior caso não solucionemos nossos crônicos problemas de infra-estrutura e logística.
Ouso repicar o comentário de Mino, sob outro enfoque: a necessidade de torcedores e dirigentes de futebol adotarem uma postura de mais respeito, honestidade e competência na sua relação com o esporte – e, sobretudo, com os seres humanos, incluindo aqueles que ostentam camisas de futebol diferentes das suas.
Não foi o que se viu, muitas vezes, durante as comemorações pela brilhante conquista do terceiro título do Santos na Copa Liberadores da América, em São Paulo. As cenas seguintes à embriaguês da vitória, diante do uruguaio Peñarol, foram indignas da nação que sediará a próxima Copa do Mundo de Futebol, campeã do planeta cinco vezes e pátria de Pelé, símbolo do fair play no esporte.
A alegria pacífica dos torcedores de verdade foi ofuscada pela violência e pelo desrespeito de uma minoria medíocre, mas barulhenta e irascível. Violência dentro das quatro linhas do campo, fruto da invasão de uma turba de vândalos travestidos de torcedores, que deflagraram uma briga de conseqüências por pouco trágicas. Com crianças por perto, inclusive.
Desrespeito nos vestiários, provocado pela entrada irregular e inesperada de pessoas alheias ao Santos, mas amigas e parentes de diretores do clube, que se excederam na tietagem às estrelas da partida. Desrespeito, ainda, de um dirigente do clube, que ocupou uma vaga de estacionamento reservada a idosos e deficientes físicos, com a desculpa de que possuía autoridade para tanto.
A estes dois vícios de muitos torcedores e dirigentes, acrescente-se outra dupla de ataque de peso: a desorganização e a incompetência. A TV Bandeirantes de São Paulo mostrou imagens de cerca de cem torcedores santistas irados porque haviam comprado ingressos falsos para a partida e, claro, não puderam assistir ao jogo. Outros, pagaram dez vezes mais pelos ingressos a cambistas, sob os olhares plácidos da PM.
Tinha sido assim, também, durante vários momentos da Libertadores da América. Sim, cenas deploráveis semelhantes a estas se repetiram ao longo da competição em vários outros estádios, em vários outros países, de hermanos apaixonados por futebol, como os brasileiros.
Não se diga, portanto, que este problema é exclusivo do Santos ou de qualquer outro clube de futebol latino-americano. Para nossa desgraça, os exemplos desta forma estúpida de curtir o esporte mais popular do planeta se multiplicam em praticamente todos os grandes estádios dos grandes clubes deste continente ainda, justificadamente, classificado de Terceiro Mundo.
É preciso fazer algo para mudar este cenário. E fazer urgentemente. Dirigentes de clubes, governantes, atletas e a própria sociedade precisam se mobilizar para garantir que, por meio de campanhas educativas de massa e da adoção de mecanismos rigorosos de punição aos abusos, surja uma nova e radical mentalidade em relação ao esporte que consagrou o Brasil mundo afora.
Sou brasileiro, porém. Logo, dentro do campo, desejo que a Seleção Brasileira confirme seu favoritismo e conquiste a Copa do Mundo de Futebol pela sexta vez, em 2014. Fora dos gramados, no campo da civilidade e da organização, já estamos dando uma vergonhosa aula ao mundo do futebol de como perder a tão cobiçada taça.
Ouso repicar o comentário de Mino, sob outro enfoque: a necessidade de torcedores e dirigentes de futebol adotarem uma postura de mais respeito, honestidade e competência na sua relação com o esporte – e, sobretudo, com os seres humanos, incluindo aqueles que ostentam camisas de futebol diferentes das suas.
Não foi o que se viu, muitas vezes, durante as comemorações pela brilhante conquista do terceiro título do Santos na Copa Liberadores da América, em São Paulo. As cenas seguintes à embriaguês da vitória, diante do uruguaio Peñarol, foram indignas da nação que sediará a próxima Copa do Mundo de Futebol, campeã do planeta cinco vezes e pátria de Pelé, símbolo do fair play no esporte.
A alegria pacífica dos torcedores de verdade foi ofuscada pela violência e pelo desrespeito de uma minoria medíocre, mas barulhenta e irascível. Violência dentro das quatro linhas do campo, fruto da invasão de uma turba de vândalos travestidos de torcedores, que deflagraram uma briga de conseqüências por pouco trágicas. Com crianças por perto, inclusive.
Desrespeito nos vestiários, provocado pela entrada irregular e inesperada de pessoas alheias ao Santos, mas amigas e parentes de diretores do clube, que se excederam na tietagem às estrelas da partida. Desrespeito, ainda, de um dirigente do clube, que ocupou uma vaga de estacionamento reservada a idosos e deficientes físicos, com a desculpa de que possuía autoridade para tanto.
A estes dois vícios de muitos torcedores e dirigentes, acrescente-se outra dupla de ataque de peso: a desorganização e a incompetência. A TV Bandeirantes de São Paulo mostrou imagens de cerca de cem torcedores santistas irados porque haviam comprado ingressos falsos para a partida e, claro, não puderam assistir ao jogo. Outros, pagaram dez vezes mais pelos ingressos a cambistas, sob os olhares plácidos da PM.
Tinha sido assim, também, durante vários momentos da Libertadores da América. Sim, cenas deploráveis semelhantes a estas se repetiram ao longo da competição em vários outros estádios, em vários outros países, de hermanos apaixonados por futebol, como os brasileiros.
Não se diga, portanto, que este problema é exclusivo do Santos ou de qualquer outro clube de futebol latino-americano. Para nossa desgraça, os exemplos desta forma estúpida de curtir o esporte mais popular do planeta se multiplicam em praticamente todos os grandes estádios dos grandes clubes deste continente ainda, justificadamente, classificado de Terceiro Mundo.
É preciso fazer algo para mudar este cenário. E fazer urgentemente. Dirigentes de clubes, governantes, atletas e a própria sociedade precisam se mobilizar para garantir que, por meio de campanhas educativas de massa e da adoção de mecanismos rigorosos de punição aos abusos, surja uma nova e radical mentalidade em relação ao esporte que consagrou o Brasil mundo afora.
Sou brasileiro, porém. Logo, dentro do campo, desejo que a Seleção Brasileira confirme seu favoritismo e conquiste a Copa do Mundo de Futebol pela sexta vez, em 2014. Fora dos gramados, no campo da civilidade e da organização, já estamos dando uma vergonhosa aula ao mundo do futebol de como perder a tão cobiçada taça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário