18 junho 2011

ECONOMIA

Brasil festeja risco menor que EUA mas entrada de dólar deve subir

 

BRASÍLIA – Pela primeira vez na história, o “mercado” acha que há mais chance de os Estados Unidos darem calote no pagamento de dívidas financeiras do que o Brasil. A informação foi dada à imprensa nesta quarta-feira (15/06) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que contou que a nota do “mercado” para a dívida brasileira negociada no exterior, o chamado risco-país, é menor do que a aos débitos norte-americanos.

A notícia foi comemorada por Guido e, segundo ele, pela presidenta Dilma Rousseff, como um sinal que refletiria “a solidez da economia brasileira e a confiança que temos do mercado". Este fato pode ajudar, por exemplo, na queda do juro do Banco Central (BC) no futuro, já que o risco-país é um elemento que entra na calibragem da taxa. Mas também pode acentuar um problema que o Brasil já enfrenta no curto prazo, a entrada maciça de dólares, que produz real caro e desindustrialização.

Para o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messemberg, quanto maior a percepção do “mercado” de que o país tem “solidez fiscal”, menor será o risco-país e, portanto, maior será a atração de dólares.

Messemberg acredita, por exemplo, que o corte de R$ 50 bilhões do orçamento, que o governo fez no início do ano para – segundo o governo – conter a inflação, já tinha alimentado a percepção de solidez pelo “mercado”. E, ao fazê-lo, tinha atrapalhado o próprio esforço de combater a inflação com medidas alternativas ao aumento de juro do BC. “O ajuste fiscal de certa forma sabota as medidas macroprudenciais”, afirmou.

O elevado ajuste fiscal deste ano tentava tirar dinheiro da economia brasileira, para esfriá-la e reduzir o espaço para reajuste de preços. Para Messemberg, contudo, a entrada de capital estrangeiro atua no sentido oposto, ao injetar dinheiro na praça.

A queda do risco-país pode reforçar a entrada de dólares sobretudo porque o juro do Banco Central continua “extremamente atraente”, na avaliação do economista Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para ele, a tentativa do Ministério da Fazenda de conter a entrada de dólares com mais tributação está sendo infrutífera, pois o nível escolhido para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ainda não compensa o lucro gerado pelos juros do BC.

A enxurrada de dólares tem contribuído para que o dólar custe pouco e o real, muito, com impacto positivo nas importações (ajudam a conter a inflação) e negativo nas exportações (vendas, produção e geração de empregos menores).

Em 2001, segundo estudo recente do Ipea, a exportação de produtos agropecuários, pela primeira vez em muito tempo, já representa mais da metade das vendas brasileiras ao exterior. "Vivemos uma reprimarização brutal da pauta", afirma o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Fim do superávit primário
No último dia 8 de junho, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado barrou a proposta do governo de pagar R$ 140 bilhões em juros da dívida no ano que vem. A proposta constava do texto original de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada pela equipe econômica ao Congresso em abril.

A proposta de acabar com o superávit primário foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e recebeu parecer favorárel do relator, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que é presidente nacional do PMDB.

A ideia tem poucas chances de prosperar até a votação definitiva da LDO por deputados e senadores no plenário do Congresso, mas mostra no mínimo que pode ser usada pelos parlamentares para tentar arrancar alguma concessão do governo em troca do restabelecimento do superávit primário na lei.

De janeiro a abril deste ano, a quantia de recursos que o governo federal arrecada com impostos de depois usa para pagar juros da dívida ao sistema financeiro foi de mais de R$ 40 bilhões, metade de tudo o que se autoimpôs como meta para o ano inteiro.

Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso nesta quarta-feira (15/06), o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, também comemorou a “solidez”. "O cumprimento de meta acima do previsto é muito positivo", disse.






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Preços registram deflação em grandes centros urbanos pela primeira vez em 2011

17/6/2011 5:55,  Por Redação - do Rio e São Paulo
deflação
A deflação ocorre com a variação negativa dos preços

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) diminuiu nas sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 15 de junho, em relação à semana anterior. É a terceira semana consecutiva em que ocorre queda no índice nas sete cidades. A maior queda foi observada em Porto Alegre, já que a cidade passou de uma inflação (alta de preços) de 0,12% em 7 de junho para uma deflação (queda de preços) de 0,35% no dia 15 (ou seja, uma redução de 0,47 ponto percentual.

A cidade de São Paulo também apresentou grande redução no IPC-S, ao passar de uma inflação de 0,27% no dia 7 para uma deflação de 0,15% no dia 15 (ou seja, uma queda de 0,42 ponto percentual). Outras grandes reduções do IPC-S foram percebidas nas cidade de Salvador (0,34 ponto percentual, ao passar de 0,33% para –0,01% no período) e Belo Horizonte (0,34 ponto percentual, ao passar de 0,72% para 0,38%).

As demais cidades apresentaram as seguintes variações no IPC-S: Rio de Janeiro (0,26 ponto percentual, ao passar de 0,32% para 0,06%), Recife (0,15 ponto percentual, ao passar de 0,88% para 0,73%) e Brasília (0,08 ponto percentual, ao passar de 0,34% para 0,26%).

Índice em queda

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) teve deflação de 0,22% em junho. O resultado é inferior ao observado um mês antes, quando foi registrada elevação de 0,55%. No ano, o índice acumula alta de 3,28% e no período de 12 meses, o aumento acumulado chega a 8,78%.

De acordo com os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta sexta-feira, a queda no IGP-10 foi puxada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA). O indicador, responsável por 60% da taxa global, apresentou deflação de 0,69% em junho, depois de registrar alta de 0,23% em maio. Houve decréscimo nas taxas dos alimentos in natura (de 3,82% para -4,47%); e dos bens intermediários (de 0,90% para -0,74%), como materiais e componentes para a manufatura (de 1,19% para -1,16%). Também ficaram mais baratas no período as matérias-primas brutas (de – 0,52% para -0,64%), com destaque para a cana-de-açúcar (de 11,17% para -0,14%), o milho em grão (de 0,50% para -2,45%) e suínos (de 2,96% para -9,33%).

A FGV verificou redução, ainda, no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-10 (de 0,98% para 0,10%). Esse movimento foi observado em todas sete classes de despesa componentes do IPC, principalmente em alimentação (de 1,04% para -0,37%) e transportes (de 1,74% para -0,79%). Pesaram menos no bolso do consumidor as hortaliças e os legumes (de 4,75% para -0,86%), as frutas (de -0,56% para -4,71%) e os pescados frescos (de 0,98% para -3,02%). Também ficaram mais baratos a gasolina (de 5,61% para -1,92%) e o álcool combustível (de 3,67% para -14,45%).

Também apresentaram decréscimo em suas taxas de variação os grupos: vestuário (de 1,51% para 0,45%), saúde e cuidados pessoais (de 1,13% para 0,54%), despesas diversas (de 0,73% para 0,17%), educação, leitura e recreação (de 0,36% para 0,30%) e habitação (de 0,68% para 0,66%).

Último componente do IGP-10, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) foi o único a subir em junho, passando de 1,57% em maio para 2,18%. A alta foi puxada pelo custo da mão de obra (de 2,74% para 3,98%). Houve diminuição nas taxas relativas aos materiais e equipamentos (de 0,45% para 0,42%) e serviços (de 0,52% para 0,45%). O INCC responde por 10% da taxa global.

Para calcular o IGP-10, a FGV coletou preços entre os dias 11 de maio e 10 de junho, quando consatatou a deflação em determinados preços.


Fonte: Jornal Correio do Brasil















 

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