24 junho 2011

E C O N O M I A

Brasil alivia impostos dos ricos, diz estudo; reforma
ignora injustiça

André Barrocal




BRASÍLIA – O Brasil tributa a renda e o patrimônio das pessoas menos do que outros países, com uma carga fiscal concentrada nos chamados impostos indiretos, aplicados sobre a compra de bens e serviços, o que prejudica os mais pobres, que não conseguem guardar dinheiro. E, quando taxa a renda, alivia os grandes salários e morde mais forte contracheques menores, segundo estudo de abrangência internacional divulgado nesta terça-feira (21/06).

Comparado aos países do G-8, grupo que até pouco tempo atrás reunia as economias mais ricas do mundo, o Brasil só ganha da Rússia no quesito “taxação de salário alto”. Todos os outros tributam mais: Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Canadá e Itália.

Enquanto a Receita Federal brasileira morde 26% do salário dos ricos, a Itália leva 46%, a Alemanha 44%, França 41%, Reino Unido 39%, Canadá 35%, EUA 30% e Japão 28%.

A comparação foi feita por uma entidade chamada UHY, sediada em Londres e que reúne uma série de escritórios de auditoria independentes espalhados por 78 países diferentes.

O estudo considera que salário alto é aquele de 200 mil dólares anuais. O que, pelo câmbio brasileiro desta terça-feira, equivale a um holerite mensal de 26 mil reais.

O Brasil também não se sai muito bem quando a comparação extrapola o G-8 e a lista ganha outros dez países: Índia, Estônia, México, Egito, Holanda, Malásia, Israel, Irlanda, Dubai e Espanha. Neste caso, somente Estônia, Egito e Dubai, além da Rússia, tributam menos os salários polpudos. Ou seja, 14 países tributam mais os mais ricos.

O estudo classifica a taxação dos ricos no Brasil de “relativamente leve”. “Muitos desses assalariados de alta renda são altamente qualificados, e os países estão arriscados a perder habilidades e capital se os funcionários são tributados significativamente em comparação a outros países competidores”, diz o presidente da auditoria brasileira que é parceira da rede UHY internacional, Paulo Moreira.

O estudo também comparou a taxação dos contracheques menores. Foi considerada “baixa renda” quem ganha até 25 mil dólares por ano, o equivalente a 3,3 mil reais mensais. O Brasil fica com 16% da renda dessas pessoas. No G-8, tributam mais a Alemanha (27%), França (25%), Itália (25%) e Reino Unido (17%). Quem menos tributa é o Japão (10%).

Ampliando-se a lista de comparações com os mesmos dez países de fora do G-8 (total de 19): oito taxam mais do que o Brasil e dez taxam menos.

Em maio, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisava só a taxação por faixa de renda no Brasil, já havia apontado alívio fiscal para salário gordo. “O sistema tributário brasileiro exerce peso excessivo sobre as camadas pobres e intermediárias de renda, o que se deve, especialmente, aos impostos sobre o consumo”, dizia o pesquisador Fernando Gaiger Silveira, autor do estudo.

Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o governo deveria aproveitar que está a discutir uma reforma tributária para atacar a regressividade e a injustiça da carga fiscal brasileira. Mas o ministério da Fazenda não pretende abordar a questão na sua proposta.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/



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Emprego e renda estabilizam-se em nível recorde em
maio, diz IBGE


Redação Agência CartaMaior




BRASÍLIA – O mercado de trabalho nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras estabilizou-se na passagem de abril para maio em patamares recordes de emprego e renda. O desemprego continuou em 6,4%, e o salário médio subiu 1,1%, atingindo R$ 1,566 mil. Nos dois casos, são os melhores resultados já registrados num mês de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou as informações nesta quarta-feira (22/06).

Na pesquisa, o IBGE apurou que havia, em maio, 22,4 milhões de pessoas em idade ativa trabalhando nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. E que 1,5 milhão estava desocupada. São quase os mesmos números verificados em abril (22,3 milhões e 1,5 milhões, respectivamente).

Em relação a maio do ano passado, 552 mil novos trabalhadores entraram no mercado, alta de 2,5%. E 242 mil deixaram de procurar emprego, queda de 13,7%. Há doze meses, a taxa de desemprego era de 7,5%.

Das seis regiões metropolitanas, Belo Horizonte tomou o lugar de Porto Alegre como a capital com menor desemprego do país (4,7% e 5,1%, respectivamente). O pior desempenho continua sendo de Salvador (10,5%).

No caso dos salários, a renda média dos trabalhadores cresceu 4% de janeiro a maio, apesar de a taxa de desemprego ter passado de 5,3% em dezembro, a menor da história, para 6,4% agora.

O Rio de Janeiro voltou a ultrapassar São Paulo e lidera o quesito, com R$ 1,682 mil mensais, 7% acima do rendimento médio nacional. A menor renda é a de Recife, com R$ 1,077, 32% abaixo da média.



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Emprego com carteira assinada resiste à alta de juro e segue intenso

 

BRASÍLIA – O ritmo de criação de empregos com carteira assinada continua intenso, apesar das tentativas do governo, sobretudo com aumento de juros, de esfriar a economia para conter a inflação. Em maio, as empresas contrataram como nunca, e fizeram o segundo maior corte de vagas também, e o resultado foi um saldo final de 252 mil novos postos de trabalho.

Foi o terceiro melhor desempenho de um mês de maio dos 19 anos de vida do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), segundo informações divulgadas pelo ministério do Trabalho nesta segunda-feira (20/06). Só perdeu para maio de 2004 e de 2010.

No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, foi aberta 1,171 milhão de vagas com carteira assinada, patamar superado apenas pelo registrado no ano passado (1,383 milhão).

Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o ritmo de geração de empregos está sendo sustentado pelos investimentos estrangeiros. As oportunidades de lucro proporcionadas por um dos países que mais crescem no mundo, atualmente, atrairiam capitais que, investidos, compensariam um mercado interno menos intenso.

“O Brasil virou a meca dos investimentos”, afirmou Lupi, que disse ter sentido isso nas reuniões da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de que participou recentemente em Genebra. “Não tem desaceleração na geração de emprego, apenas acomodações setoriais”, declarou.

De abril para maio, a criação de vagas com carteira assinada foi 42 mil mais baixa. Desde 2002, foi a sétima vez que houve recuo na passagem entre estes dois meses.

Lupi mantém a aposta de que serão gerados 3 milhões de empregos em 2011. Para ele, a criação de vagas vai se acelerar por causa de investimentos públicos em habitação e nas obras da Copa de 2014, por exemplo. “O segundo semestre vai surpreender”, declarou.


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