30 outubro 2011

BRASIL

SUGESTÕES DE LEITURA


Os artigos postados, são, ao meu ver, merecedores de leitura. Mas, vou sugerir
a leitura da crônica de Izaías Almada O INFERNO SÃO OS OUTROS, a propósito
da campanha engendrada pela "grande" mídia contra a corrupção. Nada
contra caso houvesse seriedade e honestidade de propósitos. Mas, a história
é outra. Há uma opinião, quase generalizada, que só os políticos são obrigados
a ser honestos. O Izaías fala de falcatruas praticadas diariamente por boa
parte da população brasileira, principalmente essa que lê a Veja e vê o JN
e comparece às manifestações convocadas por essa imprensa que torce
para o Brasil dar errado.

Aproveitando a oportunidade, recomendo também a entrevista com MARIA DO
AMPARO ALMEIDA ARAÚJO, secretária de Direitos Humanos e Segurança
Cidadã da Prefeitura da Cidade do Recife, acerca da criação da Comissão da
Verdade, à espera da sanção presidencial.

Por fim, informo o endereço eletrônico criado para receber mensagens de apoio
ao presidente Lula, de responsabilidade do Instituto da Cidadania: saudelula@icidadania.org    




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Como seria um Brasil sem LULA?



 Agora que as notícias dão conta da boa perspectiva de restabelecimento do Lula, é curioso debruçar nas análises apressadas sobre uma era pós-Lula.

Aliás, chocante a maneira como algumas comentaristas celebraram a doença de Lula. Até nos ambientes mais selvagens – das guerras, por exemplo – há a ética do guerreiro, de embainhar as armas quando vê o inimigo caído, por doença, tragédia ou mesmo na derrota. Por aqui, não: é selvageria em estado puro.
A analista-torcedora supos que, com a doença de Lula, haveria uma mudança radical no quadro político. Sem voz, Lula seria como um Sansão sem cabelos. Sem Lula, não haveria Fernando Haddad. Sem contar os diagnósticos médico-políticos-morais, de que Lula foi castigado por sua vida desregrada. Zerado o jogo político, concluiu triunfante.

Num de seus discursos mais conhecidos, Lula bradava para a multidão: “Se cortarem um braço meu, vocês serão meu braço; se calarem a minha voz, vocês serão minha voz…”.


Qualquer tragédia com Lula o alçaria à condição de semideus, como foi com Vargas. O suicídio de Vargas pavimentou por dez anos as eleições de seus seguidores. É só imaginar o que seriam os comícios com a reprodução dos discursos de Lula. Haveria comoção geral.

A falta de Lula seria visível em outra ponta: é ele quem segura a peteca da radicalização. Quem seguraria suas hostes, em caso da sua falta? Seu grande feito político foi promover um pacto que envolveu os mais diversos setores do país, dos movimentos sociais e sindicais aos grandes grupos empresariais. E em nenhum momento ter cedido a esbirros autoritários, a represálias contra seus adversários – a não ser no campo do voto -, mesmo sofrendo ataques implacáveis.

Ouvindo os analistas radicais, lembrando-se da campanha passada, como seria o país caso Serra tivesse sido eleito? É um bom exercício. Não sobraria inteiro um adversário. Na fase Lula, há dois poderes se contrapondo: o do Estado e o da mídia e um presidente que nunca exorbitou de suas funções. No caso de Serra, haveria a junção desses dois poderes, em mãos absolutamente raivosas, vingativas.

Ao fechar todos os canais de participação, Serra sentaria em cima de uma panela de pressão. Sem canais de expressão, muitos dos adversários ganhariam as ruas. Sem a mediação de Lula, não haveria como não resultar em confrontos. Seria uma longa noite de São Bartolomeu.

Essa teria sido a grande tragédia nacional, que provavelmente comprometeria 27 anos de luta pela consolidação democrática.




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O ESPORTE E O PODER


Como quase todas as atividades sociais, os esportes - e, principalmente, o futebol - passaram a ser administrados pelas razões do capitalismo, e se tornaram um dos maiores negócios do mundo. A FIFA não é, e faz tempo, uma associação mundial de federações nacionais de futebol, mas o centro de um oligopólio internacional dessa modalidade do show-business. Os velhos e tradicionais clubes, ricos uns, pobres outros, não pertencem mais aos milhares de associados. Eles decidiam, em eleições periódicas, quais deles deveriam encarregar-se da direção das entidades, da administração do patrimônio, da escolha dos técnicos e da contratação de jogadores. Hoje, no mundo inteiro, quase todos os clubes têm dono. Quando não o têm diretamente, subordinam-se a contratos de patrocínio e de publicidade que expulsam das decisões os torcedores.

Devemos partir dessa constatação para tratar dos problemas que a Presidente Dilma Roussef está enfrentando, diante das denúncias de corrupção contra o Ministério dos Esportes. Em um negócio bilionário, como é o da realização de um campeonato mundial de futebol, todas as cautelas são poucas. Uma vez que assumimos o compromisso de sediar a Copa, temos que tratar seriamente do assunto, e é preciso que uma força de trabalho, excepcional, e interministerial, cuide das providências governamentais, e atue com firmeza, na defesa de nossa soberania, da segurança do evento, e da lisura de todos os procedimentos que envolvam o dinheiro público. É uma situação excepcional que exige tratamento excepcional.

Se o Ministro dos Esportes é responsável por algum desvio de conduta ética, cabe às autoridades apurar os fatos e, assim fazendo, levar o caso aos tribunais – depois de afastar o suspeito do cargo. Razão tem a presidente: ela não pode atuar sob a imposição das acusações, sem que essas denúncias sejam realmente comprovadas - ou se fundem em evidências convincentes. Ela agiu assim em todos os casos ocorridos em seu governo de dez meses. Atuou dessa forma diante das denúncias contra o Chefe de sua Casa Civil, um dos próceres do maior partido de sustentação do governo. Deu-lhe todas as oportunidades para desmentir os fatos. Infelizmente, seus argumentos não sensibilizaram a opinião pública, porque confessaram o inadmissível, que ele se enriquecera em pouco tempo, prestando consultoria a firmas que deviam ser mantidas em segredo. Se o Ministro fora vítima de fogo amigo, de que há indícios fortes, isso não interessa ao país. Na defesa do Estado, a presidente agiu com firmeza, e o demitiu. Os outros casos foram tratados da mesma forma: os acusados dispuseram de tempo para desmentir as denúncias; não o fazendo, foram compelidos a afastar-se. Com o Ministro Nelson Jobim os motivos foram outros, e ela, na defesa do governo e de sua autoridade como Chefe de Estado, não hesitou em afastá-lo.

Há quem, pela imprensa e pela internet, conceda mais força ao Ministro dos Esportes pelo fato de ter sido secretário geral de Agnelo Queiroz - então seu colega de partido - que ocupava o cargo. Como Agnelo entrou para o PT e se elegeu governador do Distrito Federal, o Ministro Orlando Silva estaria blindado. Ora essa blindagem é tênue. Muito mais blindado, se aceitamos a metáfora, se encontrava o Ministro Antonio Palocci. O cargo de governador do Distrito Federal não absolve ninguém de erros passados, se erros houve no caso, nem dá ao titular o poder de arbitrar o comportamento da presidente da República.

A Presidente Dilma Roussef, ao contrário do que previam alguns de seus adversários, está demonstrando invulgares virtudes políticas. Ela tem sido paciente, mas firme; mantém o natural respeito e amizade para com o seu antecessor, o Presidente Lula, mas isso não a impede de governar com autonomia – a autonomia que lhe foi conferida pelo voto popular. E é à Nação de brasileiros que ela tem que prestar contas, dia a dia, até que passe a faixa a seu sucessor, ou sucessora. 

Imposição do famoso Consenso de Washington, o tal “terceiro setor”, constituído de organizações não governamentais, tem sido, em alguns casos, além de perigosa inserção estrangeira nos assuntos nacionais, ao assumir prerrogativas do Estado, sem a legitimidade do voto, mas com recursos do orçamento, um espaço ideal para o desvio de recursos públicos.

É necessário dar um fim a essas organizações, criadas a partir do fundamentalismo mercantil, da globalização, do neoliberalismo. O Estado não pode delegar sua responsabilidade a terceiros, colocando em risco a governabilidade e a imagem da nação.


Por Mauro Santayana, em seu Blog



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PRIVATIZAÇÃO DOS AEROPORTOS. DEVAGAR COM O ANDOR QUE O SANTO É DE BARRO.


Por Mauro Santayana, em seu Blog




Os aeroportuários da INFRAERO estão de parabéns com a vitória alcançada graças à greve de advertência contra a privatização dos aeroportos da forma como ela vem sendo conduzida até agora.

Se, no passado, essa tática tivesse sido adotada no caso da TELEBRAS, e de empresas como a ELETROPAULO, vendida aos gringos da AES com financiamento do próprio BNDES, e com dezenas de milhões de reais em caixa, não teríamos vivido o maior processo de desnacionalização da economia em 500 anos de história, e não estaríamos, agora, às voltas com problemas no balanço de pagamentos, devido ao envio de bilhões e bilhões de dólares para o exterior, todos os trimestres, sob a forma de remessa de lucro de multinacionais que aqui entraram naquele momento.

Não se pode permitir que o BNDES empreste dinheiro a juros subsidiados para que empresas estrangeiras venham a controlar, com a maioria das ações, os nossos aeroportos. Primeiro, por uma questão de segurança. Aeroporto é ponto de entrada e de saída, de pessoas e de coisas, como agentes a serviço de governos estrangeiros, terras raras ou biopirataria. E, em segundo lugar, porque se for para trabalhar com dinheiro do BNDES, nós não precisamos de estrangeiros. Está cheio de empresa estrangeira mandando dividendos para seus acionistas no exterior - a Vivo está fazendo isso com 80% dos lucros obtidos no Brasil, e pegando dinheiro nosso, a custo subsidiado, na hora de fazer algum investimento. – nós entramos com o risco e eles levam embora o dinheiro.

Depois de anos sem aumento, a INFRAERO está reajustando, pela primeira vez, os aluguéis das lojas e dos espaços públicos nos principais aeroportos brasileiros. Quer dizer, como fizeram com as tarifas telefônicas, que tiveram substanciais aumentos antes da privatização nos anos 90, estão engordando a galinha antes de entregar para a raposa.

A privatização dos aeroportos, se vier a ocorrer, tem que ser feita com a parte privada estrangeira trazendo o seu próprio dinheiro, ou, se for o caso, know-how, mas com, no mínimo, 51% das ações em mãos da INFRAERO.

Ou vamos correr o risco de ter funcionários públicos federais, que representam o Estado Brasileiro, recebendo ordens, e sendo comandados, diante de estrangeiros, por outros cidadãos estrangeiros.


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