Qual é o jogo político de Obama?
Por Heloisa Villela, de Nova York, no blog Viomundo:
É o fundo do fundo do poço.
Impossível entender qual é o jogo político que o Presidente Barack Obama está tentando jogar. Ele, que nas horas vagas, faz questão de jogar basquete, será que tem uma estratégia na discussão com os republicanos? Se tem, ainda não deu para entender qual é.
Pois na última sexta-feira terminou o prazo que o presidente deu à oposição para um acordo em torno do nível de endividamento do país. O teto de endividamento tem que subir, caso contrário algo não será pago. Os juros dos títulos do tesouro, as aposentadorias, os salários dos militares mobilizados para a chamada Guerra contra o terrorismo. Enfim, calote em algum lugar.
Aos 45 do segundo tempo os republicanos desistiram da proposta de acordo apresentada por Obama. O Presidente da Câmara, John Boehner, em uma demonstração clara de desprezo e desrepeito ao Presidente da República, não respondeu ao telefonema de Obama na quinta-feira e somente falou com o Presidente na sexta, depois de dar uma entrevista à imprensa pra dizer que a proposta do governo não era séria.
E Obama? Foi, também, dar explicações à opinião pública. Difícil é explicar como ele ofereceu tudo que ofereceu e ainda teve a proposta recusada. Uma verdadeira bofetada. Então vejamos: cortes dramáticos na rede de serviços sociais (tudo que os democratas odeiam e os republicanos amam). US$ 3,5 trilhões em cortes de gastos nos próximos dez anos. Um aumento de impostos muito mais modesto do que no plano conjunto de senadores republicanos e democratas. E nada do fim das benesses em isenções fiscais para as empresas de petróleo e gás, que Obama tanto insistiu em incluir nas negociações.
Ou seja: tudo que os republicanos queriam. Nada do que os democratas almejavam. Risco político sério de comprometer o apoio de boa parte do eleitorado. Obama conseguiu fazer o plano mais à direita que os republicanos poderiam sonhar em ver um democrata propor. Mas se Obama decidiu ocupar o espaço da direita e não o centro-direita como fez Bill Clinton, qual é o movimento óbvio dos republicanos?
Ficar ainda mais à direita, para se diferenciar do Presidente. E por isso mesmo, foi graças à intransigência dos radicais do Tea Party (a turma da Sara Palin), que os programas de assistência social se livraram dos cortes que Obama ofereceu, gentilmente, à oposição.
É o velho ditado, quando mais voce se abaixa… E Obama só tem feito reverência. Não chama para o confronto. Não impõe limites. A impressão que ele passa é de que quer estar acima do bem e do mal, ser o fiel da balança. O sujeito cool, que nunca levanta a voz. Mas cada vez menos a classe média, os pobres e as minorias têm dificuldade de ver, nele, um líder.
É o fundo do fundo do poço.
Impossível entender qual é o jogo político que o Presidente Barack Obama está tentando jogar. Ele, que nas horas vagas, faz questão de jogar basquete, será que tem uma estratégia na discussão com os republicanos? Se tem, ainda não deu para entender qual é.
Pois na última sexta-feira terminou o prazo que o presidente deu à oposição para um acordo em torno do nível de endividamento do país. O teto de endividamento tem que subir, caso contrário algo não será pago. Os juros dos títulos do tesouro, as aposentadorias, os salários dos militares mobilizados para a chamada Guerra contra o terrorismo. Enfim, calote em algum lugar.
Aos 45 do segundo tempo os republicanos desistiram da proposta de acordo apresentada por Obama. O Presidente da Câmara, John Boehner, em uma demonstração clara de desprezo e desrepeito ao Presidente da República, não respondeu ao telefonema de Obama na quinta-feira e somente falou com o Presidente na sexta, depois de dar uma entrevista à imprensa pra dizer que a proposta do governo não era séria.
E Obama? Foi, também, dar explicações à opinião pública. Difícil é explicar como ele ofereceu tudo que ofereceu e ainda teve a proposta recusada. Uma verdadeira bofetada. Então vejamos: cortes dramáticos na rede de serviços sociais (tudo que os democratas odeiam e os republicanos amam). US$ 3,5 trilhões em cortes de gastos nos próximos dez anos. Um aumento de impostos muito mais modesto do que no plano conjunto de senadores republicanos e democratas. E nada do fim das benesses em isenções fiscais para as empresas de petróleo e gás, que Obama tanto insistiu em incluir nas negociações.
Ou seja: tudo que os republicanos queriam. Nada do que os democratas almejavam. Risco político sério de comprometer o apoio de boa parte do eleitorado. Obama conseguiu fazer o plano mais à direita que os republicanos poderiam sonhar em ver um democrata propor. Mas se Obama decidiu ocupar o espaço da direita e não o centro-direita como fez Bill Clinton, qual é o movimento óbvio dos republicanos?
Ficar ainda mais à direita, para se diferenciar do Presidente. E por isso mesmo, foi graças à intransigência dos radicais do Tea Party (a turma da Sara Palin), que os programas de assistência social se livraram dos cortes que Obama ofereceu, gentilmente, à oposição.
É o velho ditado, quando mais voce se abaixa… E Obama só tem feito reverência. Não chama para o confronto. Não impõe limites. A impressão que ele passa é de que quer estar acima do bem e do mal, ser o fiel da balança. O sujeito cool, que nunca levanta a voz. Mas cada vez menos a classe média, os pobres e as minorias têm dificuldade de ver, nele, um líder.
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