24 julho 2011

BRASIL

Chacina na Noruega e o "pessoal do Cerra"


Paulo Henrique Amorim, em seu Blog Conversa Afiada




O autor do atentado em Oslo, na Noruega, se diz fundamentalista cristão, contra os imigrantes, e membro de uma organização de extrema direita.

Algumas das vítimas participavam de um encontro de uma organização de trabalhistas.

Nos Estados Unidos, o New York Times fez imediatamente essa leitura política do gesto enlouquecido e deixou claro que se tratava de um cristão de extrema direita.

O que, associado à xenofobia, pode contaminar a Europa.

O El País da Espanha enfatiza o caráter xenófobo, antimuçulmano do assassino.

Na página da BBC online, se sabe:

O assassino participava de um fórum neonazista na internet.

Ele acredita que os muçulmanos querem colonizar a Europa Ocidental.

E culpa as idéias “multiculturalistas” e do “Marxismo cultural” por incentivar isso.

Para ele não há um único país em que muçulmanos vivam em paz com não-muçulmanos.

E isso sempre tem consequências catastróficas, diz ele.

Ele se considera cristão, conservador, adepto da musculação e da Maçonaria.

É fã do presidente russo Vladimir Putin.

Nos Estados Unidos, esse extremismo de direita, xenófobo, se acolhe no leito macio no movimento Tea Party que tem como símbolo mais exuberante, hoje, a deputada republicana por Minnesota, Michele Bachmann.

Ela é homofóbica, xenófoba, não votará na ampliação do teto para endividamento dos Estados Unidos em hipótese alguma, considera o aquecimento global uma fraude, e acha que uma das opções para negociar com o Irã é jogar uma bomba atômica.

Bachmann pertence a uma denominação luterana e, com o marido, dirige uma clinica de aconselhamento psicológico, que, entre outras atividades comerciais, se propõe a converter homossexuais ao heterossexualismo.

Quem aqui no Brasil, segundo o professor Wanderley Guilherme dos Santos, se apropriou da doutrina da extrema direita?

Quem explorou o aborto e chamou o Papa para a campanha?

Quem foi a cultos evangélicos passar a mão da cabeça (a outra mão empunhava a Bíblia) de manifestantes homofóbicos?

Quem pôs nos bolivianos a culpa pela tragédia da cocaina e do crack?

Quem disse que a baixa qualidade da educação em São Paulo se deve aos “migrantes”?

Quem trouxe o Irã para a campanha presidencial e criticou uma política de envolvimento e negociação?

Quem foi ao Clube da Aeronáutica do Rio denunciar a marxista Dilma Roussef?

Quem?

É preciso dar nome aos bois.

Na Noruega, ele se chama Anders Behring Breivik.

Nos Estados Unidos, Michele Bachmann.

No Brasil, José Serra.



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Para entender a estratégia Lula-Dilma



Por Luís Nassif, em seu Blog 


Apesar de surpreender a gregos e troianos, a estratégia política de Lula-Dilma Rousseff é relativamente fácil de desvendar.

A primeira peça do jogo é não imaginar Dilma dissociada de Lula. Não existe hipótese para ciumeiras, rompimentos. A diferença de estilo entre ambos não é semente para futuras disputas, mas peça essencial na sua estratégia.

Primeiro, vamos às afinidades políticas e à continuidade de ambos os governos.

Ambos são sociais-democratas. Não se exija perfil revolucionário, nem mesmo estatizante, embora estejam longe de se constituir em neoliberais.

São políticos focados em resultados sociais, como peça central de legitimação política, Dilma dando mais atenção à gestão, Lula à política (mesmo porque tinha Dilma para cuidar da gerência).
Na política econômica, a prioridade absoluta é o controle da inflação. Câmbio, desindustrialização, juros, é resto. E resto é resto. Embora Dilma tenha formação desenvolvimentista, a realpolitik se sobrepôs às demais prioridades. Se a crise internacional piorar, pode criar vulnerabilidades nessa parte da estratégia.

No plano político, a lógica não é do confronto, mas da soma. Dilma aprendeu com Lula a dividir os contrários em dois grupos: os adversários e os inimigos. O primeiro grupo é para ser cativado ou cooptado.

Diferenças periféricas

As diferenças de estilo entre Lula e o Dilma são periféricas, embora importantes na montagem da estratégia política. No plano econômico e ideológico, são governos de continuidade.

Muitos analistas – à direita e à esquerda – tomam a nuvem por Juno, as diferenças periféricas pelas essenciais. E acabam se confundindo na análise do governo Dilma e de sua estratégia política.

Os fatores utilizados pela velha mídia para desgastar Lula (fazendo muito barulho, embora influenciando apenas 5% do eleitorado) são desimportantes e nada tem a ver com as peças centrais de sua política.

No plano político, nos últimos anos desenterrou fantasmas da guerra fria que se supunham extintos desde os anos 60. Na diplomacia, a questão iraniana. Na política interna, o pesado véu de preconceito contra Lula e o enfrentamento nos últimos anos. As críticas contra as políticas sociais foram devidamente enterradas pelos fatos.

Ao assumir, sem comprometer os pontos centrais de sua política, Dilma definiu um estilo diferente de Lula na forma, embora muito similar no conteúdo – inclusive surpreendendo os que supunham que partiria para um confronto direto com adversários.

Colocou a questão dos direitos humanos como foco da diplomacia, deu atenção a FHC, compareceu ao aniversário da Folha, nos últimos dias convidou jornalistas brasilienses para conversas no Palácio, respondeu rapidamente às denúncias consistentes.

Completa-se assim a estratégia.

Dilma se incumbe do establishment, que rejeita Lula. No plano midiático, blogosfera para ela é como a Telebrás – serve apenas para ajudar a regular a mídia. O mesmo ocorre com movimentos sociais e sindicatos.

Já Lula garante os movimentos populares, o sindicalismo, a blogosfera e a ala esquerda. E estende sua sombra sobre os adversários. Se endurecerem muito com Dilma, entra na briga. Se Dilma não se sair bem no governo, ele volta.

Perto dessa estratégia, a oposição só tem perna de pau: um guru que ensarilhou as armas – FHC -, um político esperto mas sem ideias – Aécio Neves – e um desatinado – José Serra.

Cumprir-se-á o vaticínio do sábio José Sarney, de que a nova oposição sairá das entranhas do governo.

Linhas programáticas

Em relação à continuidade, é importante não confundir algumas linhas de ação que permanecem as mesmas desde o governo Lula – mas que têm dado margem a confusões..

A primeira, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Criou-se a ideia de que, com Lula, a Telebrás assumiria todo o trabalho de levar a banda larga até a última milha (a casa do ccidadão). Nunca foi essa a ideia. A Telebrás foi ressuscitada com o objetivo de levar linhas de transmissão ligando cidades, atendendo provedores independentes, fortalecendo as linhas de transmissão, mas sem a pretensão de atuar no varejo. A possibilidade de atuar no varejo foi acenada apenas para demover as resistências das operadoras em aderir ao plano.

Não significa que seja um bom plano. 300 mb de tráfego por mês a 35 reais é brincadeira. Tem que se aprimorar a negociação. Mas a estratégia de amarrar as teles a compromissos de universalização é correta.

O segundo ponto é a chamada "lei dos meios". Criou-se a ideia de que o projeto de Franklin Martins imporia limites aos abusos da mídia. A radicalização de Franklin foi muito mais no discurso do que propriamente nas propostas. A não ser a questão limitada da propriedade cruzada, o projeto era muito mais uma defesa dos grupos nacionais contra as grandes corporações internacionais e as teles.

A cegueira da velha mídia a impediu de entender a lógica do plano.



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A bandalheira fardada


Apesar da faxina que promove em alguns organismos do governo, a presidenta Dilma Rousseff ainda está longe de ter se livrado das dores de cabeça provocadas por denúncias e indícios de corrupção no Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a árvore das mais frondosas bandalheiras no Ministério.

Na sexta-feira 15, Dilma demitiu José Henrique Sadok de Sá, mais uma cabeça coroada do Dnit. Além de diretor-geral, ele era o substituto imediato do já afastado Luiz Antonio Pagot. Sá foi afastado após denúncia de que a empresa da mulher dele tinha contratos da ordem de 18 milhões de reais com aquele departamento.

A tormenta de Dilma nessa área pode piorar. Sadok de Sá é o fio de uma meada que leva à sempre sensível área militar. Mais precisamente ao Instituto Militar de Engenharia (IME), subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército e considerado um centro de referência do ensino de engenharia nas Américas.

Um Inquérito Policial Militar (IPM), aberto em maio de 2010 na Justiça Militar, no Rio de Janeiro, e concluído agora, denuncia por crime de peculato seis militares do Exército e nove civis “por desvio de recursos públicos em licitações realizadas pelo Instituto Militar de Engenharia, nos anos 2004 e 2005” referentes a convênios celebrados com o Dnit. O prejuízo aos cofres públicos está calculado em 11 milhões de reais.

Um dos vínculos entre os militares (IME) e Sadok de Sá (Dnit) está no fato de Fábia Sadok de Sá, filha do diretor do Dnit, constar como contratada da empresa WMW ANKAR.

Havia oito empresas participantes do esquema. A maioria delas formada por sócios, amigos e parentes.
O nome da WMW ANKAR é de uma evidência gritante. Soma o W de Washington (major Washington Luiz de Paula, um dos denunciados); o M de Marcelo; W de William; o AN de Antonio (sogro de Washington); o KA de Khaterine (esposa de Washington) e o R de Roberto (coronel Paulo Roberto Dias Morales, outro oficial denunciado), registrada em nome de Antonio da Cruz Fonseca (sogro de Washington-), da cunhada dele Edilania Fonseca- Froufe (empregada do Dnit) e de Wilson- Agostinho (pai de William).
Entre setembro de 2004 e julho de 2005, apenas dois meses após ter sido criada, ela teria desviado dos cofres públicos quase 2 milhões de reais.

Nos depoimentos, militares e civis, irmanados, argumentam que agiram dentro da lei. A denúncia contra eles, no entanto, derruba facilmente a tese, principalmente pela forma com que conduziram a homologação das licitações, a fase de liquidação das despesas e, enfim, o pagamento. Um simples exemplo:
No convite 43/2004, cuja execução seria de até 30 dias, foi pago 90,4% em cinco horas. Tempo decorrido entre a emissão da Nota de Empenho e da Ordem Bancária. O restante em dez dias.

Tudo, como se vê, a tempo e a hora. Uma eficiência que não ocorre em qualquer outro órgão público que não tenha esquemas ilegais alternativos.

Há um fato extremamente relevante na trajetória do processo. Os autos foram enviados à Procuradoria da Justiça Militar “em razão da atribuição específica” desse órgão. Isso ocorre quando a denúncia envolve generais. E há três deles denunciados.

A granada que vai explodir nas mãos do ministro da Defesa, Nelson Jobim.



Fonte: http://www.cartacapital.com.br/

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