Boas vendas animam jornais brasileiros
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa
Nota publicada na Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, dia 22, informa que a circulação média de jornais no Brasil aumentou 4,2 % no primeiro semestre deste ano.
A média de venda chegou a 4,4 milhões de exemplares diários, número considerado recorde nos 50 anos de existência do Instituto Verificador de Circulação – IVC.
A Folha continua sendo o diário mais vendido, com uma tiragem média de 305.522 exemplares, considerada também a edição de domingo.
Na verdade, a liderança do jornal paulista é disputada pelo popular Super Notícia, que circula na região de Belo Horizonte e aparece em segundo lugar com 301.909 exemplares.
Outros jornais de circulação nacional, como O Globo (com 264.382 exemplares) e O Estado de S.Paulo (média de 252.999 exemplares) concorrem com o popular Extra, do Rio, que tira uma média de 235.541 exemplares por dia.
A notícia publicada pela Folha de S.Paulo comemora o crescimento do setor no Brasil, num movimento contrário ao que ocorre em outras partes do mundo.
O fenômeno se repete em outros países emergentes e acompanha os resultados das políticas de estabilização econômica com projetos sociais que estão provocando a inclusão de milhões de cidadãos retirados da pobreza.
Citado pelo jornal, o presidente-executivo do IVC observa que a circulação de jornais no Brasil vem crescendo “porque há inclusão de novos leitores. Isso ocorre com a redução do analfabetismo, assim como pelo aumento do poder aquisitivo da população”.
Segundo o dirigente do IVC, o principal motivo da pujança do setor é o desempenho dos chamados títulos populares.
Esses jornais, que têm preço de até R$ 0,99 por exemplar, registraram um aumento de 12,9% no semestre.
Em comparação, os chamados grandes jornais, que representam a imprensa tradicional e custam acima de R$ 2, tiveram um crescimento de circulação de 3,2%.
Há também outra diferença no perfil de crescimento dos jornais populares em relação aos títulos mais tradicionais e de qualidade: os jornais mais baratos ganham força na venda avulsa, enquanto os jornais tradicionais tentam assegurar a fidelidade do leitor por meio de assinatura.
Assinatura digital
O relatório do Instituto Verificador de Circulação não produziu grande entusiasmo no Globo e no Estado de S.Paulo.
Embora os números atuais sejam de alguma forma animadores, principalmente se comparados ao desempenho do setor na década passada, ainda é cedo para comemorar uma recuperação consolidada.
Há um movimento de ascensão, conforme observa o dirigente do IVC, que começou com a recuperação dos efeitos da crise econômica de 2008, já constatada em 2010.
Mas os indicadores não permitem afirmar que a imprensa voltou aos anos dourados.
A publicidade, principal fonte de receita dos jornais, é estimulada por uma contabilidade que considera alguns elementos essenciais, como a fidelidade dos assinantes – fator associado à reputação da marca ou título – e o perfil econômico de uma porcentagem significativa de leitores.
Um jornal tradicional não precisa vender um milhão de exemplares todos os dias para ser considerado uma mídia relevante, mas não pode ficar muito atrás dos chamados “populares”.
Analistas consideram que, numa sociedade emergente, muitos leitores formados no hábito de consumir jornais baratos acabam migrando para títulos tradicionais, que dão “status” social.
Mas é preciso que esse jornais encontrem uma linguagem comum e conteúdos capazes de atrair e garantir a fidelidade desse leitor.
Paralelamente ao noticiário sobre os números da imprensa brasileira, os jornais informam também que o americano The New York Times está comemorando o crescimento do total de assinantes que pagaram para acessar o site entre meados de abril e o fim de junho.
A empresa começou a cobrar pelo acesso no final de abril, e nesse período obteve 281 mil pagantes, contando também os que assinam o jornal por meio de leitores digitais como o Kindle, da Amazon.
O resultado é considerado importante na transição entre a leitura do jornal de papel e a comunicação digital, mas ainda é cedo para projetar uma reversão nos prejuizos da empresa.
Esse drama ainda está dissimulado no Brasil, por conta da euforia com o surgimento da chamada “nova classe média”, mas o crescimento dos acessos à internet deve reproduzir por aqui, mais dia, menos dia, o dilema do leitor entre o jornal de papel e o conteúdo dos meios eletrônicos, pelos quais não está habituado a pagar.
Ainda não se sabe se o modelo de negócio do New York Times vai pegar, mas não será com base no noticiário de fofocas e violência, que por enquanto ajuda as empresas brasileiras, que a imprensa nacional vai sobreviver.
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Mídia aposta em cisão entre Lula e Dilma
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