28 dezembro 2011

ECONOMIA


Poder de compra do salário mínimo, em cestas básicas, será o maior desde 1979

Mínimo será de R$ 622 em 1º de janeiro, alta de 14,13% sobre o valor atual e aumento real de 65,9% desde 2002. Estudo do Dieese revela que reajuste trará incremento de renda de R$ 47 bilhões na economia. Os efeitos serão sentidos especialmente no Norte e no Nordeste do país.

São Paulo – Ao passar a valer R$ 622 em 1º de janeiro, o salário mínimo brasileiro equivalerá a 2,25 cestas básicas, com valor unitário é estimado em R$ 276,31. É o maior poder de compra desde 1979, de acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese).

O reajuste do salário mínimo será de 14,13% diante dos atuais R$ 545, vigentes desde março de 2010. O aumento real atinge 9,2%. Para chegar a esse valor, o governo segue o acordo negociado em 2007 com as centrais sindicais, quando foi regulamentada a política de valorização do salário mínimo.

Essa política, que deve ser mantida até 2023, tem como critérios o repasse da inflação do período entre as correções, o aumento real pela variação do PIB, além da antecipação da data-base de revisão – a cada ano – até ser fixada em janeiro, o que aconteceu em 2010. 

A política prevê que, em janeiro de 2012, o reajuste reponha a inflação segundo o INPC do período mais a variação do PIB de 2010. O crescimento do PIB em 2010, em dado que ainda será revisado, foi de 7,5%. Desde 2002, o aumento real acumulado do salário mínimo é de 65,9%.

O Dieese estima ainda que o novo valor do mínimo trará uma série de impactos positivos na economia brasileira. Entre eles: 48 milhões de pessoas que têm rendimento referenciado no salário mínimo serão beneficiadas; R$ 47 bilhões será o incremento de renda na economia; R$ 22,9 bilhões correspondem ao incremento na arrecadação tributária sobre o consumo. Os efeitos serão sentidos especialmente no Norte e no Nordeste do país. 

“No setor público, o número de trabalhadores que ganha até 1 salário mínimo é pouco expressivo nas administrações federal e estaduais. Nas administrações municipais, a participação destes trabalhadores é maior, especialmente na região Nordeste. Quando se observa o impacto do aumento de 14,13% sobre o salário mínimo na massa de remuneração dos trabalhadores do setor público, verifica-se a mesma tendência: maior impacto nas administrações municipais no Nordeste e Norte”, diz a nota técnica do Dieese.


Fotos: Arquivo 




Fonte: www.cartamaior.com.br 





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Os dilemas da sexta economia mundial

Por Altamiro Borges

O Centro de Pesquisa de Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês) divulgou nesta segunda-feira que o Brasil já ultrapassou o Reino Unido e tornou-se a sexta maior economia do planeta. Essa surpreendente melhora na pontuação decorre de dois fatores essenciais: da grave crise econômica que atinge a Europa e das políticas aplicadas no Brasil nos últimos anos.

Durante o reinado neoliberal de FHC, o país caiu de oitava para décima primeira economia mundial. O Brasil foi devastado e ficou de joelhos para o Fundo Monetário Internacional. O desemprego bateu recordes, a produção estagnou e o Brasil regrediu. Já no governo Lula, ele voltou a crescer, enfrentou em melhores condições a crise capitalista e recuperou posições no ranking mundial.

Quinta economia do planeta

“O Brasil bate os países europeus no futebol há muito tempo, mas vencê-los também na economia é um novo fenômeno”, disse o diretor-executivo do CEBR, Douglas McWilliams (talvez ele não tenha assistido à partida entre Barcelona e Santos). Para ele, o país ainda deve avançar mais nos próximos anos, superando a França – quinta do ranking, depois dos EUA, China, Japão e Alemanha.

O CEBR prevê uma “década perdida” na Europa, com baixo crescimento econômico, e o contínuo avanço dos países do chamado Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Ele projeta recessão no velho continente, com retração de 0,6% do Produto Interno Bruto em 2012. Já o Brasil deve ter um crescimento do PIB de 2,5% no próximo ano, segundo suas estimativas mais pessimistas.

Desânimo dos tucanos e dos urubólogos

O estudo do CEBR deve ter estragado de vez as festas de Natal e de final do ano dos demotucanos e dos “urubólogos” da mídia – já não bastava o sucesso do livro “A privataria tucana”. A Folha sequer deu a boa nova em sua manchete de hoje. Outros veículos também evitaram maior estardalhaço. Talvez para não azedar os banquetes de FHC, Serra e Aécio!

A conquista da sexta posição no ranking mundial, porém, também não deve embriagar os que apóiam o atual governo. Há ainda muitos desafios pela frente, como reconheceu a própria presidenta Dilma no seu pronunciamento de final do ano. O Brasil continua com o freio de mão puxado na política macroeconômica e ainda não enfrentou os seus graves problemas estruturais.

Enormes gargalos e desafios

O Brasil cresceu, mas ainda é uma nação extremamente injusta, como alertou o Censo-2010 divulgado pelo IBGE em novembro. O estudo comprova que, apesar das sucessivas quedas na desigualdade, a renda dos 10% mais ricos supera a dos 10% mais pobres em 39 vezes. Enquanto os mais pobres ficaram com apenas 1,1% da renda nacional, os mais ricos abocanharam 44,5% do seu total. Uma excrescência, um absurdo!

Sem reformas estruturais, as desigualdades se mantêm em todos os quesitos. Entre as regiões, entre capitais e zonas rurais, entre homens e mulheres, entre negros e brancos. O rendimento médio mensal dos brancos (R$ 1.538), por exemplo, é quase o dobro do trabalhador negro (R$ 834). Os homens recebem em média 42% mais do que as mulheres (R$ 1.395, ante R$ 984). Há muito o que fazer!


Fonte: www.altamiroborges.blogspot.com 

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