DEBATE ABERTO
Nossos erros na política de esportes
Uma criança que tivesse 8 anos de idade em janeiro de 2003, estaria hoje quase completando a maioridade. Mas se compararmos a evolução da prática de esportes em todo o País ao longo desse período, perceberemos que as transformações não se revelam perceptíveis.
Paulo Kliass
A realização dos Jogos Olímpicos em Londres trouxe à tona o
inevitável debate a respeito da continuidade dos equívocos do governo da
Presidenta Dilma no que diz respeito à política de esportes em nosso País.
Trata-se, a bem dizer, da manutenção – de forma quase inercial - daquilo que
havia recebido como resultado dos dois mandatos de Lula. Ou seja, muito pouco ou
quase nada nesse domínio.
Uma criança que tivesse 8 anos de idade em janeiro de 2003, estaria hoje quase completando a maioridade. Mas se compararmos a evolução da prática de esportes em todo o País ao longo desse período, perceberemos que as transformações não se revelam perceptíveis – seja na prática esportiva cotidiana da juventude, seja naqueles setores chamados de esporte de alto rendimento. Isso significa que toda uma geração de jovens potencialmente promissores em alguma atividade esportiva foi perdida, a exemplo do que ocorreu com todas as demais gerações passadas. As indagações que permanecem referem-se a qual teria sido o saldo dessa quase década para o panorama esportivo brasileiro, depois da suposta mudança importante ocorrida na grande política ao longo do mesmo período.
O primeiro aspecto a ser ressaltado é que o esporte continuou a não ser tratado, de forma efetiva, como “política pública” pelos governos que se sucederam. Desde 2003 passou a existir um Ministério especificamente para se dedicar ao tema, enquanto até então a pasta compartilhava outras áreas da Esplanada, tais como educação ou turismo. Apesar dessa importante decisão institucional adotava pelo Presidente Lula, o fato é que o esporte não logrou ocupar posto de destaque como elemento de formulação e implementação de política governamental.
A opção adotada pelos sucessivos responsáveis ministeriais foi a do polêmico programa “Segundo Tempo”, em que a contratação de convênios com Organizações Não-Governamentais (ONGs) era a espinha dorsal do desenvolvimento das atividades em todo o território nacional. As verbas orçamentárias eram repassadas para tais entidades e pouco se sabia a respeito do desempenho concreto na ponta: na quadra do bairro, no ginásio da prefeitura, no gramado do parque. Tendo em vista a falta de planejamento e de controle das atividades realizadas, os resultados foram pouco significativos em termos do estabelecimento de uma política nacional de esporte. Sobraram os escândalos.
Na outra ponta da visibilidade das atividades da pasta, o foco acabou sendo o da acomodação com a espetacularização das atividades esportivas. Boa parte da energia e do esforço do Ministério foi dirigida para obter junto às instâncias internacionais da diplomacia e dos organismos multilaterais do esporte o reconhecimento do Brasil como sede de competições. E assim foi que se conseguiu a decisão final de realizar a Copa do Mundo de Futebol aqui em 2014 e as Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro. No entanto, a maioria dos analistas não comprometidos com os esquemas suspeitos do mundo esportivo sempre tratou tais opções com certa reserva. Afinal, as verdadeiras fortunas de recursos públicos que estão sendo desperdiçados com os suntuosos monumentos em construção para esses megaeventos poderiam estar sendo aplicados em projetos de maior retorno social.
Além disso, os responsáveis que se sucederam no comando do Ministério desde 2003 não conseguiram mudar a cara e a estrutura da política governamental do esporte. Na prática, pode-se afirmar que apenas se contentaram em ficar galanteando os esquemas mafiosos das grandes confederações nacionais de esportes e quase nada fizeram para popularizar e enraizar as atividades no tecido social de forma permanente. Assim como ocorria com saúde, educação e outros serviços públicos, também essa área acabou se fortalecendo como espaço mercantil, o chamado “sportbusiness”.
Mas parece evidente para qualquer leigo que política esportiva, que seja digna do nome, deve ser muito mais que isso! Esporte precisa estar em absoluta sintonia com o conjunto das políticas públicas, em especial com as diretrizes da educação e da saúde. Está mais do que comprovado que a generalização da prática esportiva se traduz na melhoria das condições de vida para a maioria da população. A universalização e a democratização do acesso à prática esportiva são sinônimos de aprofundamento da cidadania e de maior isonomia social e econômica.
Então qual foi o grande salto que demos ao longo desses anos todos? Apenas a mercantilização crescente da atividade esportiva. Com o vácuo oferecido pela ausência da política pública, ganharam cada vez mais espaço as alternativas de natureza individualista e privatizante da prática esportiva, cujo elemento mais carregado de simbolismo é a chamada “academia” de esportes –verdadeiro ícone de nosso tempo. Um espaço fechado, operando com ar condicionado, equipado com máquinas modernas, onde as pessoas praticamente não se deslocam para desenvolver seus exercícios. As atividades são tabeladas e precificadas, de maneira a que os clientes possam escolher os menus e cardápios que melhor se adaptem a seus horários e orçamentos. A essência pós-moderna do esporte mercadoria.
O jornalista Juca Kfoury, um dos maiores especialistas no assunto, foi bastante preciso ao analisar o comportamento recente da Presidenta, em sua visita a Londres, quando da abertura dos Jogos Olímpicos. Em um artigo de sua autoria, ele pontuou:
“A presidenta Dilma Rousseff repetiu em Londres um erro comum de quem olha superficialmente para a atividade esportiva. Em vez de olhar para o esporte como fator de saúde, a mais alta autoridade do país mirou-o apenas como fator de sucesso competitivo, jeito pobre de o conceber.
A preocupação de seu governo deve ser com a democratização do acesso à prática esportiva pela maioria dos brasileiros, e não, neste momento, com subidas ao pódio, por mais que as vitórias tenham o condão de estimular a atividade. (...)
Muito melhor será ter política para massificar o esporte e da quantidade tirar qualidade, quase naturalmente.”
Até mesmo no futebol, muito pouco se avançou. Não é desprezível o poder de força que tem a União para adotar medidas de natureza jurídica e fiscalizadora junto ao universo futebolístico. Com isso poderia obrigar à moralização do sistema e atuar com vistas ao fortalecimento das instituições de base da modalidade. No entanto, as autoridades governamentais terminaram por compactuar com as práticas danosas da maioria dos grandes agentes desse verdadeiro ramo de negócios em que se transformou o esporte símbolo de nossa terra. Os exemplos que ilustram esse tipo de passividade são inúmeros.
É o caso da falta de medidas para evitar o êxodo de jogadores jovens, que partem ingênua e livremente para outros países, em busca de suposto sucesso em suas carreiras no exterior. É a flagrante submissão aos interesses econômicos dos grupos em torno da FIFA, em que o governo brasileiro chegou a encaminhar projetos de lei criando uma espécie de “regime de exceção” durante as semanas da famosa competição internacional, quando algumas leis brasileiras deixariam de ter validade, para permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios ou inviabilizar a venda de ingressos de meia-entrada.
Um absurdo!
A situação mais constrangedora refere-se à conhecida postura adotada frente à dupla João Havelange e seu genro Ricardo Teixeira, que sempre atuaram de forma pouco recomendável no comando familiar do enorme complexo CBF e FIFA. Apesar da conduta criminosa de tais dirigentes, o governo parecia desconhecer que se tratava de um segredo de polichinelo. Todo mundo sabia que era apenas uma questão de tempo o reconhecimento oficial e internacional do enquadramento criminal dos dois dirigentes. Nossos governantes parecem não ter ponderado a respeito dos riscos políticos e diplomáticos envolvidos na postura de oferecer a eles todo tipo de apoio político até bem pouco tempo atrás. Agora, até justiça suíça decidiu tornar público o conjunto de processos em que os 2 ex-dirigentes são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
A mercantilização avança até mesmo para áreas mais sensíveis. Qual o sentido, por exemplo, de um expressivo símbolo nacional - como a seleção brasileira de basquetebol - jogar com a camiseta estampando a marca do Bradesco, um dos gigantes da banca privada? Ou ainda, como o País pode se sujeitar a que os jogos da seleção brasileira de futebol tenham a exclusividade de transmissão pela Rede Globo? Ambos são imagens que pertencem à União e devem ser tratadas como elementos públicos. A camiseta não deveria conter publicidade privada e o direito de transmissão da imagem deveria ser oferecido livremente a quem se dispusesse a transmiti-la!
Enfim, ainda falta muito para o aprimoramento de algo que possa minimamente ser qualificada como “política de esportes”. O essencial é começar pelo reconhecimento de sua importância como elemento integrante do conjunto de políticas públicas, em especial pela educação. Disseminar a formação esportiva nas escolas desde o início do ciclo fundamental, com programas de formação de professores e valorização de seus salários. Incorporar a prática esportiva no plano das famílias e das vizinhanças, recuperando os espaços esportivos como dimensão intrínseca de vida comunitária – seja nas escolas, seja nas praças. Contando com uma população que ultrapassa a marca de 60 milhões de jovens com menos de 18 anos, é difícil que não obtenhamos bons resultados para atletas de alto rendimento quando da massificação do acesso à prática esportiva.
Como sempre ocorre, o que se faz necessário é a ousadia de romper com as amarras da defesa dos interesses econômicos pesados e a afirmação de uma vontade política inovadora – aquela de governar e oferecer política de esportes para a maioria da população. Portanto, uma opção em que o povo brasileiro passe a atuar como agente participante da própria atividade esportiva e não apenas como mero espectador passivo do espetáculo e da pirotecnia.
Uma criança que tivesse 8 anos de idade em janeiro de 2003, estaria hoje quase completando a maioridade. Mas se compararmos a evolução da prática de esportes em todo o País ao longo desse período, perceberemos que as transformações não se revelam perceptíveis – seja na prática esportiva cotidiana da juventude, seja naqueles setores chamados de esporte de alto rendimento. Isso significa que toda uma geração de jovens potencialmente promissores em alguma atividade esportiva foi perdida, a exemplo do que ocorreu com todas as demais gerações passadas. As indagações que permanecem referem-se a qual teria sido o saldo dessa quase década para o panorama esportivo brasileiro, depois da suposta mudança importante ocorrida na grande política ao longo do mesmo período.
O primeiro aspecto a ser ressaltado é que o esporte continuou a não ser tratado, de forma efetiva, como “política pública” pelos governos que se sucederam. Desde 2003 passou a existir um Ministério especificamente para se dedicar ao tema, enquanto até então a pasta compartilhava outras áreas da Esplanada, tais como educação ou turismo. Apesar dessa importante decisão institucional adotava pelo Presidente Lula, o fato é que o esporte não logrou ocupar posto de destaque como elemento de formulação e implementação de política governamental.
A opção adotada pelos sucessivos responsáveis ministeriais foi a do polêmico programa “Segundo Tempo”, em que a contratação de convênios com Organizações Não-Governamentais (ONGs) era a espinha dorsal do desenvolvimento das atividades em todo o território nacional. As verbas orçamentárias eram repassadas para tais entidades e pouco se sabia a respeito do desempenho concreto na ponta: na quadra do bairro, no ginásio da prefeitura, no gramado do parque. Tendo em vista a falta de planejamento e de controle das atividades realizadas, os resultados foram pouco significativos em termos do estabelecimento de uma política nacional de esporte. Sobraram os escândalos.
Na outra ponta da visibilidade das atividades da pasta, o foco acabou sendo o da acomodação com a espetacularização das atividades esportivas. Boa parte da energia e do esforço do Ministério foi dirigida para obter junto às instâncias internacionais da diplomacia e dos organismos multilaterais do esporte o reconhecimento do Brasil como sede de competições. E assim foi que se conseguiu a decisão final de realizar a Copa do Mundo de Futebol aqui em 2014 e as Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro. No entanto, a maioria dos analistas não comprometidos com os esquemas suspeitos do mundo esportivo sempre tratou tais opções com certa reserva. Afinal, as verdadeiras fortunas de recursos públicos que estão sendo desperdiçados com os suntuosos monumentos em construção para esses megaeventos poderiam estar sendo aplicados em projetos de maior retorno social.
Além disso, os responsáveis que se sucederam no comando do Ministério desde 2003 não conseguiram mudar a cara e a estrutura da política governamental do esporte. Na prática, pode-se afirmar que apenas se contentaram em ficar galanteando os esquemas mafiosos das grandes confederações nacionais de esportes e quase nada fizeram para popularizar e enraizar as atividades no tecido social de forma permanente. Assim como ocorria com saúde, educação e outros serviços públicos, também essa área acabou se fortalecendo como espaço mercantil, o chamado “sportbusiness”.
Mas parece evidente para qualquer leigo que política esportiva, que seja digna do nome, deve ser muito mais que isso! Esporte precisa estar em absoluta sintonia com o conjunto das políticas públicas, em especial com as diretrizes da educação e da saúde. Está mais do que comprovado que a generalização da prática esportiva se traduz na melhoria das condições de vida para a maioria da população. A universalização e a democratização do acesso à prática esportiva são sinônimos de aprofundamento da cidadania e de maior isonomia social e econômica.
Então qual foi o grande salto que demos ao longo desses anos todos? Apenas a mercantilização crescente da atividade esportiva. Com o vácuo oferecido pela ausência da política pública, ganharam cada vez mais espaço as alternativas de natureza individualista e privatizante da prática esportiva, cujo elemento mais carregado de simbolismo é a chamada “academia” de esportes –verdadeiro ícone de nosso tempo. Um espaço fechado, operando com ar condicionado, equipado com máquinas modernas, onde as pessoas praticamente não se deslocam para desenvolver seus exercícios. As atividades são tabeladas e precificadas, de maneira a que os clientes possam escolher os menus e cardápios que melhor se adaptem a seus horários e orçamentos. A essência pós-moderna do esporte mercadoria.
O jornalista Juca Kfoury, um dos maiores especialistas no assunto, foi bastante preciso ao analisar o comportamento recente da Presidenta, em sua visita a Londres, quando da abertura dos Jogos Olímpicos. Em um artigo de sua autoria, ele pontuou:
“A presidenta Dilma Rousseff repetiu em Londres um erro comum de quem olha superficialmente para a atividade esportiva. Em vez de olhar para o esporte como fator de saúde, a mais alta autoridade do país mirou-o apenas como fator de sucesso competitivo, jeito pobre de o conceber.
A preocupação de seu governo deve ser com a democratização do acesso à prática esportiva pela maioria dos brasileiros, e não, neste momento, com subidas ao pódio, por mais que as vitórias tenham o condão de estimular a atividade. (...)
Muito melhor será ter política para massificar o esporte e da quantidade tirar qualidade, quase naturalmente.”
Até mesmo no futebol, muito pouco se avançou. Não é desprezível o poder de força que tem a União para adotar medidas de natureza jurídica e fiscalizadora junto ao universo futebolístico. Com isso poderia obrigar à moralização do sistema e atuar com vistas ao fortalecimento das instituições de base da modalidade. No entanto, as autoridades governamentais terminaram por compactuar com as práticas danosas da maioria dos grandes agentes desse verdadeiro ramo de negócios em que se transformou o esporte símbolo de nossa terra. Os exemplos que ilustram esse tipo de passividade são inúmeros.
É o caso da falta de medidas para evitar o êxodo de jogadores jovens, que partem ingênua e livremente para outros países, em busca de suposto sucesso em suas carreiras no exterior. É a flagrante submissão aos interesses econômicos dos grupos em torno da FIFA, em que o governo brasileiro chegou a encaminhar projetos de lei criando uma espécie de “regime de exceção” durante as semanas da famosa competição internacional, quando algumas leis brasileiras deixariam de ter validade, para permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios ou inviabilizar a venda de ingressos de meia-entrada.
Um absurdo!
A situação mais constrangedora refere-se à conhecida postura adotada frente à dupla João Havelange e seu genro Ricardo Teixeira, que sempre atuaram de forma pouco recomendável no comando familiar do enorme complexo CBF e FIFA. Apesar da conduta criminosa de tais dirigentes, o governo parecia desconhecer que se tratava de um segredo de polichinelo. Todo mundo sabia que era apenas uma questão de tempo o reconhecimento oficial e internacional do enquadramento criminal dos dois dirigentes. Nossos governantes parecem não ter ponderado a respeito dos riscos políticos e diplomáticos envolvidos na postura de oferecer a eles todo tipo de apoio político até bem pouco tempo atrás. Agora, até justiça suíça decidiu tornar público o conjunto de processos em que os 2 ex-dirigentes são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
A mercantilização avança até mesmo para áreas mais sensíveis. Qual o sentido, por exemplo, de um expressivo símbolo nacional - como a seleção brasileira de basquetebol - jogar com a camiseta estampando a marca do Bradesco, um dos gigantes da banca privada? Ou ainda, como o País pode se sujeitar a que os jogos da seleção brasileira de futebol tenham a exclusividade de transmissão pela Rede Globo? Ambos são imagens que pertencem à União e devem ser tratadas como elementos públicos. A camiseta não deveria conter publicidade privada e o direito de transmissão da imagem deveria ser oferecido livremente a quem se dispusesse a transmiti-la!
Enfim, ainda falta muito para o aprimoramento de algo que possa minimamente ser qualificada como “política de esportes”. O essencial é começar pelo reconhecimento de sua importância como elemento integrante do conjunto de políticas públicas, em especial pela educação. Disseminar a formação esportiva nas escolas desde o início do ciclo fundamental, com programas de formação de professores e valorização de seus salários. Incorporar a prática esportiva no plano das famílias e das vizinhanças, recuperando os espaços esportivos como dimensão intrínseca de vida comunitária – seja nas escolas, seja nas praças. Contando com uma população que ultrapassa a marca de 60 milhões de jovens com menos de 18 anos, é difícil que não obtenhamos bons resultados para atletas de alto rendimento quando da massificação do acesso à prática esportiva.
Como sempre ocorre, o que se faz necessário é a ousadia de romper com as amarras da defesa dos interesses econômicos pesados e a afirmação de uma vontade política inovadora – aquela de governar e oferecer política de esportes para a maioria da população. Portanto, uma opção em que o povo brasileiro passe a atuar como agente participante da própria atividade esportiva e não apenas como mero espectador passivo do espetáculo e da pirotecnia.
Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela
Universidade de Paris 10.
Fonte: www.cartamaior.com.br
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