O mês do cachorro louco e o “mensalão”
publicada quinta-feira, 02/08/2012 às 11:27 e atualizada sexta-feira, 03/08/2012 às 11:42
Por Izaías Almada
Não sei se ainda se usa a frase que dá título a este artigo para expressar a ansiedade com que, por muitos anos no passado, o país enfrentava o oitavo mês do calendário. Crendice internacional e que no Brasil se sustentava em alguns fatos emblemáticos e infaustos que ajudaram a criar a superstição, particularmente em políticos e jornalistas, sempre na expectativa de que agosto não traria boas notícias ao mundo e ao país.
Posso citar três deles: a subida de Hitler ao poder em agosto de 1934, o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e a renúncia de Jânio Quadros em 1961. Coincidências históricas, mas que o imaginário humano gosta de transformar em crendices e superstições.
Nessa perspectiva e para não fugir à regra, mas apenas como exercício intelectual de falsa futurologia, o calendário político brasileiro nesse ano de eleições municipais, selecionou o emblemático mês de agosto para início da campanha eleitoral e o julgamento do tal “mensalão” criado nos laboratórios de arapongas tupiniquins e políticos sem caráter em conluio com insuspeitas redações de nossa democrática e também insuspeita imprensa.
Sim, porque o caixa dois usado por todos os partidos políticos brasileiros em suas campanhas eleitorais transformou-se em uma semana, com a ajuda de um medíocre cantador de ópera que alegou ter sido corrompido sem jamais devolver o dinheiro da corrupção aos cofres públicos, numa folha de pagamentos de propina a políticos de vários partidos para a aprovação de matérias de interesse do governo.
Como a memória política do brasileiro é curta, seletiva e oportunista, naquela altura o país já havia se esquecido da compra de votos, essa sim comprovada, no governo do – com licença do palavrão – sociólogo FHC – em proveito próprio, diga-se de passagem.
Mas se o temor da “maldição” preocupava os progressistas aqui no país, pois agosto não lhes trazia bons augúrios, parece que o pêndulo da balança empurra a apreensão para os conservadores e avessos à mudança e ao avanço social.
No Equador, por exemplo, o presidente Correia anunciou o fim da publicidade de órgãos do governo na imprensa privada; na Bolívia, O Mc Donalds foi à falência e fechou suas lojas no país. Sinal dos tempos? E a entrada da Venezuela no MERCOSUL, atendendo a um anseio da maioria dos países latino americanos?
No Equador, por exemplo, o presidente Correia anunciou o fim da publicidade de órgãos do governo na imprensa privada; na Bolívia, O Mc Donalds foi à falência e fechou suas lojas no país. Sinal dos tempos? E a entrada da Venezuela no MERCOSUL, atendendo a um anseio da maioria dos países latino americanos?
De fato, o cachorro louco que atacava o quintal dos EUA, a América Latina, parece que agora começa a atacar a frente da casa, espantando os antigos “donos”. A Venezuela disposta a fechar um contrato de 900 milhões de dólares com a Embraer? Esse Chávez…
Não deixa de ser até reconfortante, nestas circunstâncias, ver que o “mensalão” do PIG começa a sua temporada sob os holofotes da mídia venal em dois de agosto de 2012, talvez em um mês que acabe entrando para a história do Brasil contemporâneo como o mês que abriu as janelas do país para entrar um pouco de ar fresco e verdadeiramente democrático em algumas redações que já não conseguem distinguir os odores que respiram à sua volta, o miasma da mentira, da arrogância, da impunidade e do comportamento hipócrita diante da liberdade de opinião e de informação.
O mês do cachorro louco…
Izaías Almada é escritor, dramaturgo e roteirista cinematográfico, É autor, entre outros, dos livros “Teatro de Arena, uma estética de resistência”, da Boitempo Editorial e “Venezuela, povo e Forças Armadas”, Editora Caros Amigos.
Fonte: www.oescrevinhador.com.br
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