10 maio 2013

2014

O que Lula disse a Campos?


Miguel do Rosário, no Blogue O Cafezinho




Uma das mais experientes jornalistas políticas do país, Tereza Cruvinel, afirma ter recebido informações fidedignas sobre uma mensagem de Lula a Eduardo Campos, na qual o ex-presidente adverte que pode vir a ser candidato em 2014, se for preciso. A informação visava forçar Campos a recuar, pois a presença de Lula faria Campos desaparecer junto ao eleitorado nordestino. Segundo Cruvinel, Lula foi bem sucedido, porque o governador de Pernambuco, de fato, deu alguns passos atrás e sumiu do mapa nacional.
Dias atrás, o Ilimar Franco publicou notinha informando que tucanos já estão desconfiados de possível desistência de Campos:
Com a pulga atrás da orelha – O comando da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB) está ressabiada com o governador Eduardo Campos, nome do PSB ao Planalto. Acham estranho os furos do socialista. Eduardo não foi à Conferência do PPS, ao 1º de Maio da Força Sindical e à tradicional Expozebu. Segundo os tucanos, se quer ser candidato mesmo, o socialista “não pode fugir da realidade o tempo todo”.

Na minha opinião, é muito difícil Lula vir como candidato, mas ele pode ter alertado Campos que ingressará pesado na campanha de sua correligionária, e que atuará especialmente no Nordeste, queimando o governador de Pernambuco junto a seu próprio eleitorado.
De qualquer forma, já temos um primeiro grande mistério para a campanha de 2014: o que, exatamente, Lula disse a Campos?
Leia a íntegra do post de Tereza Cruvinel:
Lula na linha
Por Tereza Cruvinel, em seu blog.
As explicações dadas nos últimos dias pelos aliados do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para seu recente chá de sumiço deixaram a impressão de que faltava uma informação. Segundo esses interlocutores, Campos se retraiu para evitar a eleitoralização de todos os seus atos e a hiperexposição de imagem. E se voltou para as tarefas de governo também porque já começavam a dizer que ele viajava muito. Tudo isso é razoável, mas o ponto que faltava foi-nos revelado por eminências do próprio PSB: uma mensagem do ex-presidente Lula ao governador, nas vésperas do Primeiro de Maio, também contribuiu muito para a desaceleração de seus movimentos.
A fonte não sabe precisar o meio pelo qual a mensagem chegou ao governador, mas conhece perfeitamente o conteúdo. Desde que o governador avançou na disposição de concorrer à Presidência em 2014, rompendo a aliança histórica do PSB com o PT, seus aliados afirmam que só uma situação poderia levá-lo a desistir da candidatura: aquela em que o candidato do PT fosse o ex-presidente Lula, e não a presidente Dilma Rousseff. Campos não seria ingrato para com quem lhe deu todo apoio nos anos recentes, fazendo-o ministro, apoiando a candidatura a governador e propiciando-lhe recursos que ajudaram a garantir o êxito de suas duas gestões em Pernambuco. Sem dúvida, o governador é bom gestor, mas os investimentos federais no estado contaram muito. Para além da gratidão, existem também as fortes razões político-eleitorais. Por maior que seja a popularidade da atual presidente, especialmente no Nordeste, um eventual confronto com Lula ampliaria muito os riscos para qualquer desafiante.
A mensagem que Lula enviou, na semana do Primeiro de Maio, diz o informante do PSB, não foi afirmativa nem ameaçadora. Ele apenas pediu que Eduardo refletisse mais. Hoje, Lula teria mandado dizer: ele não é e não deseja ser candidato em 2014. A opção do PT já está feita por Dilma. Mas, e se lá na frente surgirem circunstâncias que o obriguem a concorrer? Iriam se enfrentar?
Depois disso é que Campos teria cancelado a participação na festa do Primeiro de Maio da Força Sindical, depois de ter prometido presença ao deputado Paulo Pereira da Silva, fundador daquela central sindical. Cancelou também a visita que faria a um órgão de imprensa em São Paulo depois da festa sindical. De lá para cá, tem se dedicado a visitar o interior de Pernambuco. Na semana passada, enquanto uma nuvem de políticos, com Dilma e Aécio Neves no destaque, participavam da exposição agropecuária de Uberaba (MG), Campos visitava 16 cidades do agreste. Esta semana, circulará pelo sertão.
Para quem vinha em altíssima velocidade, a freada foi brusca. Pode ter sido determinada pelo repentino cuidado com a saturação da imagem. Entretanto, a incursão de Lula também teve seu peso, garante o socialista que sempre recomendou mais cautela.


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