31 março 2013

ELEIÇÕES 2014 - I

Dilma de fôlego próprio


Maurício Dias, na Revista CartaCapital




As mais recentes pesquisas de intenções de voto do mês de março mostram que a candidatura da presidenta Dilma Rousseff ganhou identidade própria e que, já agora, apenas uma fatia menor do eleitorado ainda pensa em Lula como alternativa a ela. Segundo o Ibope, ela é citada espontaneamente por 35% dos eleitores. Lula baixou de 19% para 12%.
Entre novembro de 2012 e agora, Dilma subiu 9 pontos porcentuais. Somados os números da atual presidenta e do ex-presidente, o potencial de votos na petista alcança 47%. Dos 7 pontos a menos de Lula, 6 escoaram para ela.
Pesquisa de intenção de voto Ibope
Pesquisa de intenção de voto Ibope
Nunca antes um candidato à reeleição tão distanciado da disputa atingiu nível tão elevado de intenções de voto em pesquisa espontânea. Nesse processo de escolha, não são apresentados ao pesquisado os nomes dos candidatos. Em março de 2006, seis meses antes da reeleição, Lula tinha 27%. Em julho de 1998, três meses antes da disputa pela reeleição, Fernando Henrique tinha 25%.
Isso indica que, salvo pesados temporais e fortes trovoadas, em 2014 Dilma será uma candidata forte, por si só, e com a vantagem adicional de ter um cabo eleitoral poderosíssimo como Lula. Com isso poderá até mesmo, como se especula, fechar a eleição no primeiro turno.
Considerando os antecedentes da candidata, o fato é surpreendente. Ainda mais se for levado em conta o tiroteio diário que sofre da mídia conservadora. Não se pode negar que isso dá a ela a possibilidade de adiar o momento de enfrentar a questão secundária, o novo marco regulatório.
Mas falta alguma prova mais consistente de que, por isso, Dilma deixe o ministro Paulo Bernardo sentado sobre um problema que transcende situações políticas pessoais.
Em dois anos de governo, Dilma Rousseff ganhou identidade, mas nesse período ela pagou por ter cão e por não ter cão. A sisuda desconhecida foi comparada a um “poste” quando foi lançada candidata à Presidência. Acusada posteriormente de não saber fazer política, foi, enfim, condenada por supostamente fazer política com olho na eleição de 2014.
Essa condenação ficou clara na troca de ministros que ela fez recentemente. O objetivo foi fortalecer a coalizão governista. Quando a presidenta montou o governo, após tomar posse, o que ela fazia senão isso? Trocar ministros é tão normal quanto trocar o óleo do carro. A consequência natural de uma coisa e de outra é tentar melhorar o desempenho.
Pré-candidato à Presidência, o senador tucano Aécio Neves sentiu o golpe e disse que o objetivo dela era ganhar mais tempo na propaganda eleitoral em 2014. Desde sempre foi assim. Em 2010, a petista, além do apoio do PMDB do vice, Michel Temer, montou uma aliança com mais oito partidos. Com isso teve um tempo de propaganda de quase dez minutos e meio. O tucano José Serra contou com cinco partidos aliados e com mais de sete minutos de propaganda.
Estabilizado esse cenário, até 2014 a oposição busca a saída com a construção de um mutirão de candidatos para tentar levar a eleição para o segundo turno.
Há quatro possíveis atores influentes nesse cenário. Marina Silva, se construir o partido que lançou, e Eduardo Campos, se assumir a candidatura projetada. Os outros dois são tucanos. Um deles, Aécio Neves, é pré-candidato certo. O outro, José Serra, é uma incógnita. Tem ainda 2% das intenções de voto (14% deles no Sudeste) e pode ser eleitor influente em São Paulo. Mas apoiaria quem? Aécio ou Eduardo?


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