04 maio 2012

POLÍTICA, ECONOMIA E MEIO AMBIENTE



Se é para blindar tudo, por que a CPI?

Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
montagem Se é para blindar tudo, por que a CPI?
Por enquanto, o relator Odir Cunha só quer investigar Cachoeira
Imagens: José Cruz e Roosewelt Pinheiro/ABr (Montagem R7)
A palavra da hora em Brasília é blindagem. Está tudo blindado para que nada aconteça de imprevisto. Mas se é para ser assim, por que criaram a CPI do Cachoeira, com o apoio da ampla maioria de parlamentares de todos os partidos, na Câmara e no Senado?
Se for para investigar só a holding da contravenção montada por Carlinhos Cachoeira, é perda de tempo, pois a Polícia Federal e o Ministério Público já fazem isso há dois anos, apuraram tudo, o inquérito foi enviado ao STF e o acusado está preso.
Seu parceiro e braço parlamentar, o quase ex-senador Demóstenes Torres, já está no corredor da morte política só esperando a hora da degola.
Depois de três meses de vazamentos deste inquérito noticiados diariamente pela imprensa, esperava-se que a CPI fosse ampliar o leque, investigando outros tentáculos do grande polvo da corrupção criado por Cachoeira nos três poderes, em grandes empresas privadas e na imprensa, mas o relator Odir Cunha (PT-MG) já avisou nesta quarta-feira, logo na abertura dos trabalhos, que podemos tirar o cavalinho da chuva.
"A agenda prioritária buscará caracterizar a organização criminosa do senhor Carlos Augusto Ramos", decretou Cunha. E ainda é preciso caracterizar alguma coisa depois de tudo o que já foi apurado?
Nós temos o direito de saber o que ainda não veio a público, ou ficou escondido nos rodapés dos jornais _ como, por exemplo, as relações do contraventor com setores da imprensa, uma tabelinha entre fontes e repórteres que atendia a interesses comuns.
Antes que os integrantes da CPI armassem seu esquema de blindagem para proteger aliados, os principais orgãos da imprensa brasileira já tinham feito o mesmo, defendendo em bloco e atacando em massa. A participação de profissionais e veículos na história simplesmente sumiu do noticiário.
A dobradinha formada por Cachoeira e jornalistas da revista "Veja" ficou evidente em pelo menos dois episódios que provocaram as maiores crises políticas no governo Lula: a gravação da  conversa do contraventor com Valdomiro Diniz, assessor do então ministro José Dirceu, e as cenas da corrupção flagradas nos Correios, que deram origem ao mensalão.
Nos dois casos, o contraventor ofereceu de bandeja aos profissionais da revista as imagens em que se basearam as denúncias, gravadas por arapongas a seu serviço, mantendo a partir daí uma relação constante para plantar notícias.
Isso não mereceria pelo menos uma investigação? Até que ponto o grande bicheiro tinha influência sobre o que a revista publicava ou deixava de publicar para atacar inimigos e defender interesses comuns? Bastaria comparar o conteúdo e a época das gravações das conversas mantidas por seus jornalistas com Cachoeira e o que foi publicado pela "Veja".
Pelo jeito, não pensa assim o relator Odir Cunha, que já prometeu não fazer uma "caça às bruxas", excluindo juízes, jornalistas e procuradores do rol de pessoas que devem ser convocadas pela CPI. Se não quer caças as bruxas, vai caçar o que? As princesas?
Dos poucos parlamentares que ainda insistem no assunto, o deputado Paulo Teixeira, ex-lider do PT na Câmara, quer ouvir jornalistas que "foram cooptados pelo esquema Cachoeira". Sem citar nomes, Teixeira disse à Folha que "isso tem que ser investigado pela CPI".
A simples menção de serem ouvidos também jornalistas pela CPI já provocou uma gritaria danada de colunistas e editorialistas amestrados, acenando com a ameaça de volta da censura e restrições à liberdade de expressão, como de costume.
Na Inglaterra velha de guerra, ninguém pensa assim. Velhos homens de imprensa não são considerados inimputáveis. Ainda na terça-feira, o Parlamento britânico divulgou um relatório considerando Rupert Murdoch, 81 anos, um dos maiores magnatas da mídia, "inapto a comandar uma grande empresa multinacional".
Murdoch já estava sendo investigado desde julho do ano passado, após a denúncia de que um dos seus jornais, o tablóide "News of the World", grampeava celulares de celebridades para obter informações. E não foi publicado nenhum editorial contrário às investigações e em defesa da liberdade de expressão.
Aqui no nosso Brasil, a Associação Nacional dos Jornais, entidade patronal que lidera o combate a qualquer tentativa da sociedade de regulamentação da imprensa, publica hoje um anúncio em comemoração ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
O título: "Liberdade é assim: quanto mais você tem, mais difícil viver sem ela".
Se fossem mais fiéis aos fatos, melhor fariam se mudassem este texto para:
"Liberdade é assim: quanto mais nós (da ANJ) temos, mais nós (da ANJ) queremos ter".
Porque, na verdade, liberdade de imprensa deveria ser um bem de toda a sociedade, mas o que temos no Brasil hoje é a liberdade de empresa para meia dúzia de famílias tradicionais que dominam o setor.



Veja, sempre brigando com os fatos
Autor: 
 , em seu Blog
Primeiro, uma ameaça típica de Veja: nota no Radar Online mencionando um terceiro inquérito em mãos da Procuradoria Geral da República - do qual ninguém tinha ouvido falar - que teria apanhado 4 ministros do STF e 10 do STJ, uma maluquice só possível em quem aceita qualquer peixe podre, sem entender a lógica dos inquéritos, a verossimilhança das informações. Se fosse verdade, seria o próprio desmonte da República. Mas publica-se a nota como quem anuncia uma nova marca de cerveja.
Aí, o presidente da CPI desmente o fato. Sem apresentar um dado comprobatório sequer, o colunista "mantem" as informações. Agora o desmentido é da própria PGR. Ou seja, de todas as partes mencionadas nessa maluquice. Mas a única fonte confiável para esse pessoal são os dossiês de Carlinhos Cachoeira.
Conseguiram criar um mundo virtual, sem nenhum contato com a realidade dos fatos.

Novo inquérito-bomba


Gurgel: nova bomba
Vital do Rêgo, presidente da CPI mista do Cachoeira, recebeu do procurador-geral, Roberto Gurgel, uma informação destinada a mexer com a já nervosa Brasília das últimas semanas.
Gurgel informou que, na sexta-feira passada, enviou à Justiça um novo inquérito que investiga a jogatina (e, claro, Carlinhos Cachoeira) – não é nem a Operação Monte Carlo e nem a Las Vegas, ressalte-se.
Nele, também por meio de grampos, sairiam chamuscados quatro ministros do STF, onze do STJ e vários deputados.
(Atualização, à 0h56. O senador Vital do Rêgo enviou o seguinte e-mail:  “Prezado jornalista Lauro Jardim, para dirimir quaisquer dúvidas, em respeito à sua prestigiada coluna e em razão do meu ofício, informo-lhe que no encontro com o Procurador Roberto Gurgel não recebi qualquer informação sobre novo inquérito ou pessoas e titularidades envolvidas”. A coluna mantém a informação publicada)



Civita, o nosso Murdoch

Gianni Carta, na Revista CartaCapital 



Rupert Murdoch durante depoimento em Londres, nesta quinta-feira 26. Foto: Pool/AFP
Rupert Murdoch, o magnata mais poderoso da mídia do Reino Unido, 81 anos, é interrogado horas a fio pela comissão parlamentar do Inquérito Leveson. Isso seria possível no Brasil de Roberto Civita? Foto: Pool/AFP
Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, trocou 200 ligações com Carlinhos Cachoeira. O bicheiro goiano, escreveu o correspondente de CartaCapital em Brasília, Leandro Fortes, alega ser o pai de “todos os furos” da revista.  E Cachoeira disse estar pronto a detalhar as histórias que contou para Policarpo Jr. na CPI.
O patrão da Editora Abril, Roberto Civita, 75 anos, sabia quem era a fonte de todos aqueles “furos” da semanal mais lucrativa de sua empresa? Se for convocado para depor na CPI do Cachoeira, Civita reconhecerá que a Veja não respeitou a ética jornalística? Usar como parceiro de reportagem um criminoso com estreitos elos (às vezes acompanhados de subornos) com um senador, deputados, governadores e uma empreiteira foge à regra essencial do jornalismo: a de apurar as duas ou mais versões da mesma história.
Mas o patrão da Abril provavelmente não dará o ar da graça na CPI. Isso porque os jornalões e a tevê Globo agem em bloco para que isso não aconteça. São dois os motivos. O bicheiro, atualmente atrás das grades, favorecia os “furos” a envolver os inimigos “esquerdistas” da mídia tucana, principalmente petistas e ministros. Segundo motivo: jornalistas de outros orgãos da mídia também obtinham seus “furos” de Cachoeira.
Por essas e outras, Policarpo Jr. e a recomendável convocação de Civita para a CPI nunca estiveram no noticiário.
Enquanto isso, Rupert Murdoch, o magnata mais poderoso da mídia do Reino Unido, 81 anos, é interrogado horas a fio pela comissão parlamentar do Inquérito Leveson, que teve início em novembro de 2011. E na quarta-feira 2 até o Senado dos EUA entrou em contato com os investigadores britânicos para avaliar se abrirão um inquérito com o objetivo de investigar se a News Corporation passou a perna em leis norte-americanas.
Através de seus jornais – TimesSunday Times, Sun e News of the World – Murdoch teve grande influência nas eleições dos primeiros-ministros conservadores Margaret Thatcher, John Major, David Cameron e Tony Blair. Até aí nada de errado. Publicações europeias apoiam candidatos políticos em seus editoriais, coisa que no Brasil acontece raramente. A mídia canarinho gosta de ficar em cima do muro enquanto distorce e manipula o noticiário a favor dos candidatos conservadores preferidos pelas elites. Enfim, prima a ambiguidade e a desinformação na mídia brasileira enquanto a mídia europeia se posiciona ideologicamente, o que lhe confere credibilidade. O leitor do vespertino francês Le Monde, por exemplo, sabe ter em mãos um diário de centro-esquerda que apoia o socialista François Hollande no segundo turno da presidencial, em 6 de maio.
O problema da mídia murdochiana foram os métodos por ela usados: escutas telefônicas ilegais e suborno de policiais por informações privilegiadas foram as mais graves. De fato, o tabloide News of the World foi fechado porque a acusações acima foram provadas. Jornalistas e um detetive contratado pelo jornal foram presos.
Agora o Inquérito Leveson quer se aprofundar mais na relação da mídia com políticos e funcionários públicos. Nesse contexto, investiga o grupo de Murdoch e outras empresas de comunicação. Ao mesmo tempo, pretende avaliar se o regime regulatório da imprensa da britânica falhou. Em suma, lá no reinado fazem o que não é feito aqui: uma CPI da mídia.
Murdoch admitiu no Inquérito Leveson ter sido “lento e defensivo” em relação às escutas telefônicas ilegais. Reconheceu ter falhado ao negar o conhecimento sobre a verdadeira escala dos grampos telefônicos até 2010 devido à conduta de subordinados que o deixaram sem informações. Ou será que Murdoch fingia que não sabia de nada?
São várias as semelhanças entre Roberto Civita e Rupert Murdoch. Ambos têm fascínio pelo “American Dream”, ou seja, a possibilidade de ganhar na vida na terra do Tio Sam, onde todos – eis aí um mito – podem fazer fortuna. E, por vezes, como se vê, a qualquer custo. Civita nasceu na Itália, mas aos dois anos, em 1938, foi com a família para os EUA, onde viveu por pouco mais de uma década. Depois de passar algum tempo no Brasil foi fazer universidade na Filadélfia.
Murdoch nasceu na Austrália, onde teve início sua carreira de empresário da mídia. Depois passou vários anos no Reino Unido, onde amealhou sua fortuna. E, finalmente, foi morar nos EUA para realizar seu sonho, o de obter a cidadania norte-americana e ser dono de um grande diário, no caso o Wall Street Journal.
Segundo o Inquérito Leveson, o patrão da News Corp. não tem “capacidade” para dirigir um grupo internacional. Isso seria possível no Brasil de Roberto Civita?




Samuel Wainer e a CPI da Veja
Por  Ana Flávia Marx

A operação Monte Carlo que deflagrou a CPI de Carlinhos Cachoeira evidenciou o que muita gente já sabia: o laço da revista Veja através de seu editor-chefe de Brasília, Policarpo Junior, é muito mais estreito do que mera relação com uma fonte.

Não é a primeira vez que um órgão da imprensa pode ser investigado nos trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Aliás, a primeira CPI brasileira teve como objeto principal o jornal Última Hora do jornalista Samuel Wainer.

Obviamente, por motivos adversos ao de Veja, a Resolução da Câmara dos Deputados nº. 313, de 1953 buscava incriminar Samuel Wainer por dumping, de obter empréstimos do Banco do Brasil – que não era privilégio somente seu – e de não ser brasileiro.

Fúria golpista

Samuel foi o primeiro a adjetivar esses grupos como “Imprensa Golpista” ou “Sindicato da Mentira” e denunciou em negrito e letras garrafais o plano de golpe ao governo de Getúlio Vargas.

Ele também incomodava os tubarões da mídia com o sucesso editorial do jornal e por conseguir furar o cerco midiático. Até o surgimento de seu jornal, o mercado de jornal impresso era dominado pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, que dominava o mercado na base antipopular; O Correio do Povo, da família Caldas; O Estado de S. Paulo, da família Mesquita. O Correio da Manhã, A Tarde, da família Simões; e o Jornal do Comércio, da família Queirós Lima.

Segundo o Anuário Brasileiro de Imprensa (1950-57) e o Anuário de Imprensa, Rádio e Televisão (1958-60), a tiragem do jornal sobressaiu de 70 mil exemplares em 1952 para 117 mil em 1960, à medida que a Tribuna da Imprensa tombou de 25 para 18 mil, A Notícia de 130 para 56 mil e o Diário da Noite, do famoso Assis Chateaubriand, foi de 129 para 40 mil.

O sucesso de Ultima Hora feria interesses políticos e econômicos dos adversários de Vargas. A reação não tardou. A conspiração do silêncio seria quebrada, mas com resultados funestos para Ultima Hora, pois contra ele se uniram todos esses interesses que se sentiram ameaçados na maior campanha que se tem notícia na história da imprensa.

O objetivo do velho PIG era claro: desestabilizar o governo de Getúlio Vargas e para isso intensificaram sua atuação na primeira CPI da história do país.

Desafio à Veja

Qual será o posicionamento da revista Veja se tiver sua participação confirmada na CPI de Carlinhos Cachoeira? Vale a pena contrastar com a posição de Samuel Wainer e desafiá-la?

Em um cenário de extrema polarização na CPI do jornal Última Hora, que durou mais de dois anos, Samuel Wainer fez dela palco de defesa de um projeto nacional desenvolvimento e tratou logo de expor as questões essenciais de que se tratava aquele inquérito.

Uma dessas questões era a regulamentação da mídia brasileira. O jornalista em seu primeiro depoimento à CPI disse que a responsabilização da atividade jornalística devia ser regra e não exceção. “(...) Ainda nisso, estamos servindo tão somente à causa da boa imprensa, aquela que não vive do escândalo nem da venda do silêncio, nem das ligações inconfessáveis”.

Para a revista Veja, a possibilidade de depor na CPI de Carlinhos Cachoeira é um “verdadeiro atentado à liberdade de expressão” e que fortalece assim, o discurso anti-imprensa. Defensiva ou tergiversação?

O alvo deles é o Brasil

Outra questão essencial era o ataque ao país. Wainer respondeu na edição 1.333 de seu jornal, que sua defesa não era pessoal ou do jornal Última Hora e, sim a defesa do Brasil, do povo e da economia. “Estou defendendo o futuro, contra a cobiça dos interesses monopolistas internacionais – o que de resto constitui o centro de toda essa onda conspirativa contra as nossas instituições democráticas”.

Em outro editorial, o jornalista continua: “Pois o alvo dos atiradores é outro, é o Brasil, exatamente quando o nosso país se encontra em ponto de transformar-se de nação de economia semi-colonial em nação de economia industrial (...)”, esclarece Samuel Wainer.

Para o jornalista o centro do inquérito e o objetivo da imprensa golpista era a disputa entre “um Brasil jovem, contra o Brasil que queria fazer-se velho e impedir os prósperos ventos da conjuntura nacional”, alertou novamente.

Terá a Veja coragem para defender o seu projeto de nação no microfone da CPI do Carlinhos Cachoeira?

Deixa o Brasil trabalhar

Para o editor do jornal, a imprensa golpista fazia uma crítica sobre a economia e a recente exploração do petróleo infundada e sem base real. No artigo, “O Brasil quer trabalhar”, o jornal dizia que a única coisa que o povo brasileiro reclamava naquele período era de trabalhar em paz.

A situação atual do país não é muito diferente. Enquanto o país alcança o patamar de sexta economia mundial, no curso de uma crise econômica do capital, falta base real para a crítica apresentada pelo PIG sobre a situação política nacional.

Porém o fundo dessa crítica rasa é há muito tempo conhecida, como foi anunciada pelo jornal Última Hora, em artigo de Samuel Wainer, intitulado “O Partido do Pessimismo”.

“Eles não acreditam em Brasil, em povo brasileiro, em capacidade brasileira, em democracia brasileira, em capitais brasileiros. Sofrem um fascínio absoluto do que é estrangeiro e operam eficientemente, pertinazmente, convictamente, à base de um pessimismo irrecuperável (...). Eles trabalham contra o Brasil, e proclamam isso como um mérito, como única saída, como a solução natural”.

Último questionamento: Terá a Veja capacidade de mostrar ao povo brasileiro suas relações sombrias?


Fonte: www.altamiroborges.blogspot.com 



ECONOMIA, MENTIRAS E CPI





Globo continua sua campanha contra o Brasil, em defesa dos bancos e do mercado financeiro
Antonio Mello, em seu Blog


Não é surpresa o comportamento do jornalão das Organizações Globo. Todos sabemos que as Organizações Globo estão sempre contra tudo aquilo que signifique defesa dos interesses do Brasil e dos brasileiros.

Isso é uma tradição de família, como a perseguição aos Brizola, à Petrobras e aos governos populares, desde Getúlio Vargas, passando por Jango, Lula e agora Dilma. Há 50 anos, O Globo já estampava manchete criticando a criação do décimo-terceiro salário.

Portanto, não há surpresa alguma na manchete de hoje de O Globo, reproduzida na imagem acima. Ao esforço da presidenta e seu governo em combater os juros altíssimos e imorais praticados pelos bancos (os mais lucrativos do mundo), as Organizações Globo respondem com uma campanha contra em todos os seus veículos.

Hoje, criam uma manchete capciosa e mentirosa, "Depois da pressão de Dilma, ações de bancos despencam", querendo linkar opronunciamento da presidenta na ocasião do Dia do Trabalhador a um suposto "despencar" das ações dos bancos.

Em primeiro lugar, as ações dos bancos vêm caindo há meses, entre outras coisas por dificuldades de pagamentos de seus clientes, vítimas dos juros mais escorchantes do planeta.

Em segundo lugar, usar o verbo "despencar" é forçar demais a mão. Nesse modo, o verbo tem o sentido de cair desastradamente de grande altura (Aurelio), o que está longe de ser o caso. As ações do BB caíram, 2,7%, as do Itaú Unibanco (campeão de reclamações do Procon-SP), 2,48%, Bradesco (quarto colocado atualmente, mas o anterior campeão do Procon-SP), 1,4%, e Santander (sobre esse banco leia Mauro Santayana aqui e aqui), "despencou" 0,19%.

Com intuito de defender alguns de seus principais patrocinadores, as Organizações Globo seguem em campanha contra o Brasil e a melhoria de vida de todos os brasileiros. Afinal, é só perguntar a qualquer um se os juros mais baixos não são uma boa para a imensa maioria da população. E boa também para os bancos, pois, com juros menores, mais gente vai pedir crédito e poder honrá-lo.

É questão apenas de eles pararem de querer ganhar dinheiro sem esforço, com juros indecorosos e tarifas caríssimas sobre os mais variados serviços, o que faz do Brasil o lugar perfeito para o ditado que diz: "O melhor negócio do mundo é um banco bem administrado. O segundo melhor negócio do mundo é um banco mal administrado. E o terceiro, um banco falido".

Não é a cara do Brasil atual?

E é esse Brasil que o governo da presidenta Dilma está mudando. E contra a mudança e a favor do mercado estão as Organizações Globo.

Mas, quem sabe, depois dos bancos não chega a vez de nossa Ley de Medios?.



A mídia e o partido do capital
Tempos atrás, no lançamento do livro O artilheiro indomável, sobre a vida do Serginho Chulapa, estavam eu, Renato  Rovai e o José Augusto Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas de S. Paulo, conversando sobre o papel que a mídia hegemônica vem desempenhando no país.
O Guto disse que tinha publicado no blog dele uma matéria mostrando as intricadas redes entre os proprietários da mídia e o mundo financeiro e empresarial. Uma reflexão muito interessante que lembra um dos tópicos da pesquisa do Noam Chomsky e Ed Herman – “O Consenso Fabricado” – em que ele diz que um dos filtros da mídia é o “porte e propriedade dos meios de comunicação de massa”.
Chomsky e Hermann mostram que boa parte das empresas estadunidenses de mídia são propriedades de grandes transnacionais que têm negócios em determinados países do mundo, o que acaba por modular o tipo de cobertura internacional destes órgãos.  Na pesquisa conduzida pelos dois professores do MIT, ficou comprovado que o apoio midiático às ações intervencionistas do governo dos EUA a determinados países estavam diretamente vinculadas a interesses (contrariados eventualmente por governos destes países) destas corporações transnacionais.
Este texto do Guto é muito importante e merece ser melhor refletido pois quando falamos na ação partidária da mídia não é por conta de uma “conspiração” ou mesmo uma “deformação moral” da mídia ou de seus profissionais (embora isto possa acontecer também), mas pelos seus vínculos estruturais com certos segmentos da sociedade.
O discurso proferido pela mídia hegemônica e reverberado por vários colegas jornalistas é que o grau de “independência” da mídia está vinculado a sua não vinculação a estruturas partidárias ou governistas. Deixam de lado o “partido” mais poderoso da sociedade capitalista que é o “partido do capital”.
Em minha tese de doutorado (“Comunicação sindical, globalização neoliberal e mundo do trabalho”) – defendida na Escola de Comunicações e Artes, em 1998 – argumentei que uma das características do neoliberalismo nos países do Terceiro Mundo é a ação direta do capital, isto é, a redução das intermediações da esfera política na ação do capital.
Isto se verifica, por exemplo, na política cultural vigente nos anos 1990, em que o Estado simplesmente abriu mão de qualquer tipo de ação e deixou tudo nas mãos do “mercado” (leia-se capital). Quem exercia política cultural era o Itaú, o Unibanco, o Bradesco, entre outros. O mesmo aconteceu com a proliferação de ações sociais das empresas.
As agências reguladoras dos serviços públicos que passaram a ser comandados pelas empresas privatizadas (como a telefonia, energia elétrica e aviação civil) foi uma experiência construída naqueles tempos de entrada do capital no aparelho público e consolidar a ideia da “auto-regulamentação”. Enfim, a total colonização da esfera política pelo capital, esta é a utopia conservadora.
A presença do grande capital no comando dos principais meios de comunicação é uma das últimas – e mais fortes – trincheiras do grande capital e se torna ainda mais estridente com uma mudança de orientação no governo nos últimos anos. A oposição da mídia hegemônica ao governo federal decorre da perda de espaço desta perspectiva política da ação direta do capital. É o partido do capital querendo novamente se apossar privadamente do Estado usando toda a sorte de recursos, inclusive ameaças como a feita por um emissário da Globo para que o diretor da Editora Abril não seja convocado pela CPI do Cachoeira para esclarecer as ligações suspeitas de um jornalista da revista Veja com o contraventor.
O texto do Guto é emblemático ao constatar a presença de figuras proeminentes principalmente do grande capital financeiro e de empreiteiras na direção da mídia. Acrescento ainda, seguindo a lógica de Chomsky e Hermann, a propaganda como “mecanismo de controle”: depois da proibição da propaganda de cigarros, os maiores anunciantes da mídia são as indústrias automobilísticas e, não por acaso, possuem o lobby mais poderoso sobre o Estado, a ponto de serem as maiores beneficiadas com a redução de impostos no pacote anti crise nos últimos anos do governo Lula.
O jornalista Caco Barcellos, naquele famoso programa da Globo News que polemizou publicamente com a comentarista Eliane Cantanhede, disse, a respeito da corrupção: “Engraçado que a gente fala do corrupto mas nunca fala do corruptor”. Por quê? O corruptor é o capital privado, é o principal partido que teve larga atuação nos anos 1990, teve alguns interesses contrariados nos últimos dez anos, mas ainda tem a mídia a seu favor – aliás, sob o seu controle.




Mais força na luta contra os juros extorsivos

As medidas anunciadas pelo governo, desde o início de abril, para forçar a queda dos juros brasileira foram reforçadas, neste 1º de maio, com as críticas feitas pela presidente Dilma Rousseff às escandalosas taxas cobradas no Brasil, que mantêm o país como vice-campeão mundial, atrás apenas da Rússia, onde o juro real é de 4,2% ao ano (no Brasil é de 3,3%).

O inconformismo do governo decorre, principalmente, do spread cobrado pelos bancos em seus empréstimos – a diferença entre o que o banco paga ao tomar empréstimos pela taxa Selic e que repassa com tarifas muito mais altas. A diferença chega a 176 pontos percentuais: os bancos tomam a 9% ao ano em média recursos que passam para frente a uma média de 185% ao ano, mais de vinte vezes mais!

Em 30 de abril, véspera do Dia Internacional do Trabalhador, em rede nacional de rádio e tevê, Dilma puxou as orelhas do sistema financeiro e apontou uma "lógica perversa" na cobrança de juros nos empréstimos bancários. “Não existe explicação técnica” para isso, acusou a presidente, com razão.

O objetivo de Dilma Rousseff é trazer a taxa real de juros (descontada a inflação) até o nível de 2% ao ano no final de seu governo. É um patamar necessário para favorecer o investimento e inibir aplicações especulativas. Tem o apoio, para isso, das centrais sindicais e do empresariado ligado à produção; e enfrenta a oposição, claro, do sistema financeiro e da mídia ligada aos grandes especuladores. 

O confronto com a especulação financeira opõe a aliança pelo desenvolvimento, entre governo, centrais sindicais e empresariado produtivo, à aliança da especulação que cresceu durante o predomínio neoliberal na economia e entrincheirou-se fortemente na mídia hegemônica e neoliberal.

A batalha é política, e não técnica. Quem tem mais força política tem também as condições para impor seus interesses; a alta finança até agora nunca encontrou, no Brasil, um governo com disposição, força ou decisão política para enfrentar o poder do dinheiro. “Infeliz o governo” advertiu José Bonifácio há quase 190 anos, “cuja administração econômica é seduzida e dominada pelas finanças; três vezes infeliz aquele onde se diz a alta finança!” Ele acabou deposto, em julho de 1823 e, desde então, nunca outro governo bateu de frente com o sistema financeiro – exceto agora o de Dilma Rousseff.

Seu governo acumula a força decorrente das mudanças ocorridas desde a posse de Lula em 2003. O fortalecimento da atividade sindical e o relançamento da economia num quadro mundial de crise avassaladora criaram as condições objetivas que permitem a Dilma enfrentar o poderio do sistema financeiro. Hoje o Brasil não anda mais de pires nas mãos pelo mundo em busca de ajuda; ao contrário, tornou-se credor do FMI, sendo cortejado por autoridades externas para fortalecer esta instituição que, até recentemente, era seu algoz financeiro. No Brasil, a lógica financista que prevaleceu, e se acentuou sob Fernando Henrique Cardoso, pode ser enfrentada depois que foram criadas as condições favoráveis ao investimento e ao crescimento econômico, contra a lógica rentista e especulativa que prevalecia.

Dilma decidiu entrar com firmeza nesse combate e tomar as ações para redirecionar o investimento e o crédito. Vai dando um passo decisivo para a modernização econômica do país; ela implica em maiores investimentos na produção e no crescimento econômico e menores aplicações especulativas cujo objetivo é render juros. A presidente reflete com isso os interesses e a vontade das forças produtivas do país.


Editorial do Portal Vermelho (www,vermelho.com.br)



MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE MEIO 

Código Florestal e pedido de referendo popular

Leonardo Boff (*) 


Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.

Isso mostra a cegueira que tomou conta da maioria dos parlamentares e também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao aquecimento global.

Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progressiva de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.

Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso país, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuízos em casas e plantações destruídas.

A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos outra.

A luta é pela vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra. Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.

E vamos sim salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para os demais seres da criação.

A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um Código Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.

O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra. Agora é o momento da cidadania popular se manifestar. O poder emana do povo. A Presidenta e os parlamentares são nossos delegados e nada mais. Se não representarem o bem do povo e da nação, de nossas riquezas naturais, de nossas florestas, de nossa fauna e flora, de nossos rios, de nossos solos e de nossa imensa biodiversidade perderam a legitimidade e o uso do poder público é usurpação. Temos o direito de buscar o caminho constitucional do referendo popular. E aí veremos o que o povo brasileiro quer para si, para a humanidade, para a natureza e para o futuro da Mãe Terra.

(*)Leonardo Boff é teólogo e escritor.


Fonte: www.cartamaior.com.br 





















Nenhum comentário:

Postar um comentário