13 fevereiro 2013

UM POUCO DE HISTÓRIA

Com a ajuda de Vargas, Bresser
desconstrói FHC


Paulo Henrique Amorim, em seu blog Conversa Afiada










Em dezembro de 1994, já eleito presidente, FHC alegou restar “um pedaço do nosso passado que ainda atravanca (sic) o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas, ao seu modelo autárquico e ao seu Estado intervencionista.” (Folha (*), 18/dez/1994)

Em 1999, o ex-presidente avaliou seu primeiro mandato como o início da superação da Era Vargas: “Eu disse … quando fui eleito, que queria botar fim na Era Vargas … Acho que estamos de viver sob o mando do que Getúlio fez.” (in Saretta, F. – “O jornal O Estadão de S. Paulo e Getúlio Vargas” – Encontro Nacional de Economia Política, 9, 2004, Uberlândia, 2004, p.4)

Essas inesquecíveis afirmações – um misto de megalomania, arrogância e tiro no pé – foram extraídas de “A Era Vargas – Desenvolvimentismo, economia e sociedade”, organizado por Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezar Dutra Fonseca, Editora Unesp, Instituto de Economia da Unicamp, e Centro Internacional Celso Furtado, 2011, São Paulo.

Ali está, também, “Getúlio Vargas: o estadista, a nação e  democracia”, ensaio de Luis Carlos Bresser-Pereira, p. 93.

Bresser quer provar que Vargas foi o maior estadista brasileiro do século XX e, na História brasileira, só se compara a José Bonifácio.

Trata-se de um ensaio de “teoria política”, em que “importa saber como a ação política de Vargas se relacionou com a construção da nação e do Estado brasileiro, e, em consequência, com a revolução industrial e nacional, e com a transição de um Estado oligárquico para um democrático.”

“Vargas tem muitos adversários: desde os remanescentes da oligarquia exportadora paulista e dos intelectuais de esquerda da Escola de Sociologia da Universidade de São Paulo até os neoliberais de hoje cuja hegemonia desde 1991 levou o Brasil novamente à condição de quase colônia.”

Fernando Henrique, como se sabe, se enquadra em duas das três categorias de adversários de Vargas: ele foi da Escola de Sociologia da USP e de esquerda, a ponto de usar o método marxista de análise – embora, depois, numa entrevista ao Mino, dizer que tinha retirado a informação na segunda edição de um de seus (ilegíveis) livros.

E, como se sabe, o Farol de Alexandria foi o patrono e teólogo do neolibelismo (**).

E só não devolveu o Brasil à posição de colonia – depois de tirar os sapatos -, porque foi destruído por um terremoto de nome “Lula”.

Nessas duas condições – ex-esquerdista e neolibelista (**) – ele serviu aos interesses da oligarquia exportadora paulista e suas ramificações na Avenida Paulista, onde o casarão do barão do café se converteu em arranha-céu de banqueiro.

Bresser-Pereira rompeu com o PSDB de Fernando Henrique, quando chegou à conclusão de que o PSDB era irremediavelmente entreguista.

(Conta-se que Bresser foi a um cartório para se desligar formalmente, inequivocamente,  do partido entreguista.)

O importante ensaio de Bresser pode ser lido nesse timbre: os teóricos da “dependência associada” fracassaram e Vargas está vivo.

Os que tiraram o sapato se baseavam numa pesquisa de meia sola do próprio Fernando Henrique para provar que o Brasil não tinha burguesia.

(Quando Fernando Henrique foi eleito, este ansioso blogueiro entrevistou Albert Hirschman, na Universidade de Princeton, para um “Globo Repórter” especial sobre o novo presidente. O ansioso blogueiro perguntou a Hirschman, professor e amigo de Fernando Henrique, o que achava da “teoria da dependência”. O professor alemão respondeu: “a própria eleição do autor da teoria é a prova de que ela não funciona”. O ansioso blogueiro teve que trocar alguns impropérios ao telefone para assegurar que a declaração constasse do encomiástico perfil.)

“O nacionalismo é essencialmente a ideologia da formação do Estado-nação; é a ideologia que um povo, sentindo-se capaz de se transformar em uma nação, usa para poder dotar-se de um estado com soberania sobre seu território,” diz Bresser.

“Nos 15 anos de seu primeiro Governo, são criadas a Companhia de Álcalis, e a Companhia Vale do Rio Doce (que o FHC e o Padim Pade Cerra venderam na bacia das almas – PHA); no seu segundo Governo, entre 1951 e 54, a Petrobras (que o Farol de Alexandria e o Cerra quase entregam à Chevron – PHA), a Eletrobrás e o BNDES.”

“Foi a primeira vez na histórica política do Brasil que um grande líder politico foi buscar as bases de sua legitimidade no povo, especificamente nos trabalhadores urbanos que já começavam então a se manifestar por meio de movimento sindicais.”

Vargas fundou o primeiro partido de massas do país, o Partido Trabalhista Brasileiro, que o jenio do Golbery desfigurou, mas que se refez no PT.

Vargas fez a CLT, a lei do salário mínimo.

Ao equipar o Estado, construir uma Nação com a incorporação dos pobres ao processo político, Bresser conclui que Vargas fincou as bases de regime democrático.

Democracia que os aliados do Fernando Henrique dinamitaram com o suicídio de Vargas, a tentativa de impedir a posse de JK – o sucessor de Vargas -, o Golpe contra Jango, Brizola, Lula e Dilma (o último, ainda em curso).







Nenhum comentário:

Postar um comentário