25 outubro 2013

MAIS UMA VEZ O MUNDO SE CURVA AO BRASIL

Angela Merkel e Barack Obama
Merkel e Obama em encontro no Reino Unido, em 2009. Relação
entre Berlin e Washington está abalada.


Merkel diz que espionagem entre amigos
é inaceitável


Deutsche Welle, (Revista CartaCapital)







"Espionagem entre amigos é algo que não dá [para aceitar]", desabafou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, nesta quinta-feira 24 ao chegar a Bruxelas, onde participa de uma cúpula da UE."É algo que toca não a mim prioritariamente, mas a todos os cidadãos", reclamou. A chefe de governo alemã afirmou que a confiança dos alemães nos EUA como parceiros tem agora que "ser refeita", devido à suspeita de que seu celular foi espionado pelos americanos.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, convocou nesta quinta-feira o embaixador dos Estados Unidos em Berlim, John B. Emerson, para dar esclarecimentos quanto ao suposto grampeamento por Washington do telefone móvel de serviço da chefe de governo alemã. A iniciativa diplomática é considerada pouco habitual entre os dois países, aliados de longa data. A notícia do suposto grampo provocou críticas a Washington e questionamentos sobre a viabilidade de negociações sobre um tratado de livre comércio entre EUA e UE.
Westerwelle se reuniu com o embaixador americano com o intuito de "expor claramente" a posição do governo, de acordo com um porta-voz do Ministério do Exterior alemão. A medida é um indício da gravidade que Berlim atribui ao assunto. O ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, afirmou, em entrevista ao jornal Leipziger Volkszeitung, que "já passou da hora de os EUA pedirem uma desculpa".
Zona de livre comércio em risco
O presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, afirmou que o caso pode colocar em risco as negociações sobre uma zona de livre comércio entre EUA e UE. Gabriel pode se tornar vice-chanceler, caso as negociações para uma nova coalizão de governo tenham sucesso. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, foi mais adiante e pediu que as negociações sobre a zona de livre comércio sejam suspensas.
Merkel telefonou na quarta-feira para o presidente americano, Barack Obama, para exigir esclarecimentos. "Ela deixou claro que reprova inequivocamente tais práticas, caso os indícios comprovem ser verdadeiros, e as considera inaceitáveis", relatou o porta-voz do governo, Steffen Seibert. A Casa Branca negou que os EUA "estejam monitorando ou venham a monitorar no futuro" as comunicações da líder alemã. Washington, entretanto, deixou em aberto se isso ocorreu no passado.
Mas as autoridades de segurança alemãs suspeitam que isso aconteceu. Segundo o jornal Die Welt, os agentes alemães encontraram um antigo número de celular de Merkel em documentos sigilosos da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, revelados pelo ex-colaborador da CIA (agência de inteligência americana) Edward Snowden. A descoberta provocou uma "forte suspeita" no serviço alemão de informações. O celular em questão foi usado pela líder alemã entre outubro de 2009 e julho de 2013.
De acordo com informações da agência de notícias DPA, o telefone de Merkel chegou a ser analisado por especialistas em inteligência. Entretanto, a comprovação de possível interceptações de telefonemas ou mensagens de texto é difícil, já que tais ações podem ser executadas sem deixar vestígio.
"Nova suspeita ultrapassa limites"
"Se for verdade o que estamos ouvindo, será realmente grave", ressaltou nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Thomas de Maizière, em entrevista à televisão pública alemã. "Os americanos são e continuarão sendo nossos melhores amigos, mas isso é inaceitável", observou, acrescentando, ainda, que há anos ele vem suspeitando que seu celular é grampeado. "Mas não contava que pudessem ser os americanos", afirmou.
A ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, pediu a suspensão do acordo da UE com os Estados Unidos sobre a troca de dados bancários. "A nova suspeita ultrapassa todos os limites", sublinhou. Segundo ele, é absolutamente consequente a decisão dea quarta-feira do Parlamento Europeu, que pediu à Comissão Europeia que suspenda o chamado acordo Swift.
Edição Rafael Plaisant
MD/afp/dpa/rtr/efe





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