19 outubro 2012

ELEIÇÕES

Segundo turno afasta mais o PT e o PSB



Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho

Bem que o comando político do Palácio do Planalto tentou promover a reaproximação do ex-presidente Lula com o governador pernambucano Eduardo Campos, depois das acirradas disputas entre PT e PSB no primeiro turno, em Recife, Belo Horizonte e Fortaleza, que deixaram sequelas, a partir do momento em que os dois antigos aliados resolveram lançar candidatos próprios nessas capitais
.
A bandeira branca seria sinalizada com a participação de Campos no comício de Fernando Haddad, neste fim de semana, em São Paulo, ao lado da presidente Dilma Rousseff e de Lula. Nada deu certo nessa articulação porque, segundo um interlocutor, “é difícil lidar com duas entidades”.  Os dois velhos amigos continuam sem se falar desde julho.

As vitórias do PSB em Recife e em Belo Horizonte alçaram Campos ao primeiro plano da política nacional e desencadearam uma disputa entre petistas e tucanos pelo partido que mais cresceu nestas Eleições municipais, todos já de olho em 2014.

Nos seus principais movimentos do segundo turno, ao mesmo tempo em que reiterava sua fidelidade a Dilma, na prática o governador pernambucano foi-se afastando do aliado federal e se aproximando cada vez mais do PSDB, que já tinha sido seu aliado contra o PT na disputa em Belo Horizonte.

Eduardo Campos não só não virá a São Paulo para o comício de Haddad no sábado, como subirá ao palanque ao lado do senador Aécio Neves, virtual candidato do PSDB em 2014. Vai ser amanhã em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde o tucano dará seu apoio ao candidato do PSB.

Na terça-feira, o governador já havia ido a Campinas, no interior paulista, um dos principais campos de batalha com o PT nesse segundo turno, onde seu partido também está aliado aos tucanos. Lá Campos fez duras críticas ao PT. Por isso, Dilma decidiu acrescentar Campinas em sua agenda de comícios no sábado.
E depois de Lula anunciar que vai ao comício do PT em Fortaleza, na terça-feira, para apoiar Elmano de Freitas, Campos também decidiu ir para ajudar o candidato do seu partido, Roberto Cláudio.

Resultado: ao mesmo tempo em que o PSB se afasta, fazendo as primeiras manobras para levantar voo próprio, mais se consolida a aliança entre Dilma e o PMDB do vice Michel Temer, já acertando os ponteiros para repetir a chapa na sucessão presidencial daqui a dois anos.

Dilma e Campos só devem se encontrar depois de passadas as Eleições e concluído o julgamento do mensalão, eventos que vão acontecer ao mesmo tempo, como estava programado.

Nas semanas seguintes, a presidente terá que abrir espaço em sua agenda para ver com quem poderá contar na base governista para seguir com ela até 2014. É a partir dessas conversas que devem acontecer mudanças na Esplanada dos Ministérios, onde o PMDB já avisou que quer mais espaço.

Faltam dez dias para o segundo turno das Eleições de 2012 e a campanha de 2014 já começou.















Haddad, Pelegrino, Elmano, Vanessa,

Pochmann, Fruet...



Lula Miranda, no sítio Agência Carta Maior




Candidatos do chamado “campo progressista” estão à frente nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno na maioria das capitais e das grandes cidades. Isso é alvissareiro. Vale ainda lembrar que políticos desse “campo” representam a maioria entre os eleitos no primeiro turno. É uma excelente sinalização: de que a parte mais retrógrada da elite que pretendia ressuscitar o coronelismo, a intolerância aos homossexuais (mas também aos negros, aos pobres e às mulheres), o deletério “patrimonialismo” e a corrupção está perdendo terreno, está ficando no passado, passou. 

Os sinais indicam que estamos num caminho irreversível de eleger governos mais democráticos, comprometidos com a chamada “agenda social”: com a implantação de políticas públicas voltadas para os mais pobres e para as classes médias. O povo brasileiro parece ter finalmente escolhido um caminho e o trilha com passos firmes. Porém, precisamos todos fazer a nossa parte na construção desse novo Brasil. E seremos instados, cada vez mais, a fazê-lo.

Li, recentemente, num texto que me foi enviado, que era preciso educar os filhos da elite. Sim, é preciso que preparemos os nossos filhos e também os filhos da pobreza; que os formemos e eduquemos a que aprendam a viver nesse novo Brasil, e mais ainda, para que estejam prontos para serem cidadãos responsáveis e ciosos de seus direitos e obrigações, agentes da construção de uma Nação generosa para todos os seus filhos. 

Para que aprendam, de verdade, para valer, os princípios e ensinamentos essenciais que possibilitam uma convivência harmoniosa em sociedade; que aprendam a entender e respeitar as diferenças, a ser mais tolerantes. 

Para que aprendam que o honesto não é “o trouxa da história” e tampouco que o inescrupuloso é o virtuoso[desgraçadamente, “princípios como estes eram “regra” até então]; que aprendam que é obrigação, que é “natural” ser justo e honesto; que enriquecer é lícito, desde que seja através dos seus próprios esforços e talentos, e nunca, jamais, corrompendo ( a si ou a outrem), subornando, sabotando ou prejudicando o seu próximo. Sim, precisamos reeducar os nossos filhos. Com urgência.

É preciso que, todos, façamos o nosso papel: médicos, enfermeiros, jornalistas, auditores, educadores, economistas, engenheiros, advogados, servidores públicos, policiais, professores, escritores, padres, pastores, membros do ministério público, magistrados, homens públicos em geral etc. Devemos todos nos submeter à égide de uma ética humanista: “homens e mulheres sobre todas as coisas”.

Sei que essa empreitada não é nada fácil: teremos que recomeçar praticamente “do zero”; trata-se de uma espécie de “refundação” da sociedade, teremos que nos “reinventar”. Reitero, para que fique a marca: “homens e mulheres sobre todas as coisas”.

É esse Brasil que se descortina, passo a passo, eleição após eleição, ano após ano. E, repito, esse parece ser um bom caminho, um caminho irreversível – mas não inexorável, diga-se. É preciso que estejamos atentos, vigilantes. É preciso que sejamos cidadãos.

É hora de começarmos aos poucos a construir esse novo Brasil, com uma gigantesca classe média e uma elite menos egoísta e intolerante.

Alvíssaras! Nós ajudamos a construir essa nova realidade.

P.S. : A citação de Vanessa Grazziotin e Marcio Pochmann no título desse artigo reflete mais um desejo deste articulista, na condição de “humanista”. Oxalá o povo das cidades de Manaus e de Campinas também manifeste esse mesmo desejo “mudancista” e entre nessa corrente que se espalha por todo o país.

Lula Miranda é poeta e cronista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda.







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