No 1º debate, Dilma reage e dá novo tom à campanha no 2º turno
Rede Brasil Atual
11 de outubro de 2010 às 21:14h
Por Ricardo Negrão*
“Lamento suas mil caras, Serra”. Esse foi um dos motes do primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). A petista não ficou na defensiva. Ao contrário, acuou o tucano em vários pontos: da campanha de calúnias na internet às privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso, passando pela venda do banco Nossa Caixa para o Banco do Brasil.
Dilma lembrou a participação da mulher de Serra, Mônica, em episódios de desvirtuação da campanha, na reta final do primeiro turno: “Sua esposa, disse que ‘a Dilma é a favor da morte de criancinhas’”. Depois complementou: “Isso é ódio, coisa que o Brasil não tem”. Serra não respondeu, nem defendeu Mônica.
O tucano também se calou quando, ainda no primeiro bloco, Dilma o instigou a falar sobre o assessor de campanha do PSDB Paulo Vieira de Souza, que é acusado de desaparecer com R$ 4 milhões da campanha do tucano.
Dilma também se mostrou firme na discussão sobre a polêmica do aborto, indevidamente criada pela campanha tucana. Ela lembrou que Serra, quando foi ministro da saúde, baixou uma norma regulamentando o procedimento abortivo em casos de estupro e de risco à vida da mulher, pelo SUS.
Desde o início da polêmica, Serra vem dizendo que Dilma defende o aborto, mas a candidata insistiu e mostrou que ela defende é que ele deixe de ser considerado crime, pois coloca milhares de mulheres pobres sob risco de morte. “Concordo com a regulamentação (feita por Serra, em 1998). São milhares de mulheres que praticam aborto em condições precárias (a cada ano). O que vamos fazer com essas mulheres, atender ou prender?”
Privatizações - Outro tema bastante presente no debate foi a privatização – com prejuízos ao país – de empresas estatais durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. A petista observou que o assessor do tucano e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztain recentemente se manifestou favorável à privatização do pré-sal.
A petista também citou a tentativa de divisão da Petrobras para ser negociada em partes, ainda no governo FHC.
Serra tentou sair do tema privatizações da era FHC defendendo a da telefonia. “O Brasil hoje tem 190 milhões de telefones “, disse o tucano, que finalizou: “A era do PT seria a era do orelhão”. Dilma, em seguida rebateu: “O meu Brasil não é do orelhão, é o da banda larga”.
Outra tentativa de privatização bastante discutida foi a da Nossa Caixa, banco estadual de São Paulo. Dilma acusou o tucano de querer vender o banco e disse que o governo federal interveio para que a instituição – que já sofria um processo de desmantelamento – não fosse vendida a empresas internacionais. “Nós privilegiamos empresas brasileiras e vocês, o capital estrangeiro”, disse a petista.
Dilma também questionou seu adversário sobre a continuidade – em um eventual governo tucano – de programas do governo Lula, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, entre outros. “Vou continuar tudo o que deve ser continuado”, disse Serra, sem nominar quais seriam esses programas.
Mas Dilma lembrou que Serra é famoso por não cumprir as promessas que faz, como o de que iria concluir seu mandato como prefeito de São Paulo (que chegou a registrar em cartório), o de cumprir seu mandato como governador paulista e outras. “Que garantias a gente pode ter de que você vai mesmo continuar os programas do nosso governo?”, questionou.
Serra também teve de responder sobre as principais mazelas do governo de São Paulo, como a da aprovação automática nas escolas e a dos baixos salários dos policiais. Foi questionado também sobre sua política de combate às drogas.
*Matéria originalmente publicada no site Rede Brasil Atual
Transcrito do site www.cartacapital.com
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