O governador Eduardo Campos deixou mal explicada sua declaração de que o governo Dilma "dá cargos como se fossem bananas". A que tipo de banana se refere, à fruta ou àquela outra? Se for a fruta, pode-se
interpretar também como uma referência maldosa demais a quem recebe cargos.
Se for a outra banana, convenhamos, em muitos casos Dilma faz muito bem.
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Marina e Eduardo Campos são o velho
se fingindo de novo na política
Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Será que Marina e Eduardo Campos imaginam que vão conseguir alguma coisa com frases ocas destinadas a ganhar algum eco no noticiário?
Será que eles não aprenderam nada com o Papa Francisco, que conquistou o coração do mundo com a estratégia oposta e correta – falar coisas honestas, reais, profundas ?
As frases que ficam para as pessoas são aquelas que pertencem à categoria franciscana, por mais que Marina, Eduardo Campos – e Aécio também – se iludam com a repercussão de suas tolices grandiloquentes.
No final de semana, Marina e Campos capricharam. Marina afirmou que o governo Dilma é “a denúncia mais contundente do fracasso do sistema político”.
Campos foi para o campo das frutas, e disse que Dilma distribui cargos como quem distribui bananas, ou algo do gênero.
A quem eles querem comover, exceto editores ansiosos por declarações “bombásticas” contra Dilma?
Se os dois têm alguma pretensão, o combate real é no campo das ideias.
Francisco fez isso. Desde a primeira hora condenou o mal maior do mundo moderno, a desigualdade.
Alguém tem dúvida de que este é, ainda mais que no mundo, o maior mal brasileiro?
Então o que Marina e Eduardo Campos têm a dizer sobre isso? Ou eles temem descontentar a mídia se tocarem num ponto que é um anátema para ela?
Que proposta eles têm a respeito do sistema tributário, um dos pilares da desigualdade, como mostrou tão bem um levantamento da BBC na semana passada?
Ou Marina, amiga do Itaú, com um pendência bilionária na Receita, não pode falar nisso?
São os pobres, conforme o estudo da BBC, quem mais contribui para as receitas públicas.
O peso maior da arrecadação brasileira, e isso é uma barbaridade, repousa nos tributos indiretos, que não distingue ricos e pobres. Eis aí um fator poderoso de iniquidade.
Marina: o que você diz? Campos: e você? Aproveitemos a oportunidade e façamos a pergunta a mais um candidato: e você, Aécio?
Você, atiladamente, pode perguntar: e a Dilma, o que tem a dizer?
Resposta: nada. Lamentavelmente, nada. Nem nisso e nem em outros assuntos que deveriam estar na plataforma eleitoral dos candidatos, a regulamentação da mídia.
É uma pena, e isso mostra quanto tem sido limitado o voo do PT se você pensa em reformar, verdadeiramente, o Brasil e derrubar os muros que perpetuam privilégios e estimulam a desigualdade.
Agora: Dilma está no poder, e com boa vantagem das pesquisas. Mesmo sem uma plataforma que entusiasme, ela é ampla favorita.
O que desafia a compreensão é os que estão na rabeira não aproveitarem o vazio que Dilma deixa ao não adotar um discurso francamente antidesigualdade, como o de Francisco. Em Nova York, para ficar num só caso, Bill de Blasio fez isso e se elegeu prefeito.
O Brasil precisa, desesperadamente, de um fato novo na política que livre a sociedade de coisas como as chantagens como a que neste exato momento o Blocão vem impondo ao governo.
Mas Marina, Campos – e Aécio, com sua guerra às notícias na internet que narram coisas como sua recusa a fazer o bafômetro – são a pior combinação possível. São o velho se fingindo de novo.
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