Avô é avô, neto é neto: O que Aécio tem de Tancredo e o que Eduardo tem de Arraes?
Os dois principais opositores à reeleição da petista Dilma Roussef precisam estar à altura dos relicários que desejam personificar
Daniel Quoist, na Agência Carta Maior
A oposição nunca esteve mais sem gás do que esta agora que, ao menos da boca para fora, repisa o refrão da mudança para ontem, hoje e amanhã. A plataforma, se é que se pode chamar assim, do PSDB, PSB-Rede e DEM é maxixe de uma nota só. Maxixe e não samba de uma nota só. É que maxixe teve seus dias de glória na virada do século 19 para o 20 e ainda exala aroma forte de naftalina cheirando a guardado de tanto esperar.
A cantilena do senador Aécio Neves (PSDB/DEM) é de uma indigência de dar dó: a novidade é apresentar FHC como o eterno salvador da Pátria, o plano real como a mais brilhante ideia que se teve logo após a invenção da roda e um choque de gestão cada vez mais indigesto, porque não passa de um slogan como outro qualquer e com um agravante – tem o prazo de validade vencido.
A ladainha do governador Eduardo Campos (PSB-Rede) alardeia o que não pode entregar – um jeito novo de fazer política. Oras, que diabo de jeito novo é esse que vem escudado nas biografias tinindo de novas de políticos como a do piauíense Heráclito Fortes e o catarinense Jorge Borhausen? Como se faz um ideário novo usando sofismas antiquíssimos e ideias que sofrem de adiantado processo de esclerose?
A pisada da grande imprensa, cada vez mais dublê de partido de oposição sem cara e sem votos, é a de lançar na corrida para o Planalto o cada vez mais controvertido Joaquim Barbosa. Convenhamos, o ministro do STF recebeu selo de qualidade humana em desagregação ao conseguir criar tantos desafetos, inimizades, conflitos e atritos com um seleto grupo de apenas 10 outros juízes! Como jurista mostrou-se inapto ao cabo e ao fim do julgamento da AP-470 que teria sido a plataforma política que adernou antes mesmo de dizer a que veio. Como juíz político deixou tudo a desejar: esposou a mais fraca de todas as teses para condenar antigos líderes do partido que agora, sem qualquer tipo de quarentena e mesmo senso ético, anima-se a derrotar nas urnas.
Aécio, Eduardo e Joaquim são facetas de uma mesma concepção equivocada de fazer política, aquela ideia de que para o Brasil se tornar na nova Canaã onde jorrará o leite e o mel há que se reconhecer o Messias, o sujeito que em um passe de mágica alterará o ritmo e as transformações que o país enseja desde que aqui aportaram as caravelas trazendo Cabral e patrícios d´além mar.
E de Messias nada têm. E o pouco que imaginam ter na verdade não foi por eles conquistado. Os dois principais opositores à reeleição da petista Dilma Roussef levam consigo os laços sanguíneos, laços tênues que a um sopro mais vigoroso, ante ambições descontroladas, pode se transformar no que o autor de folhetim chamaria “a maldição dos netos”. Maldição porque precisam estar à altura dos relicários que desejam personificar. Maldição porque sabem não estar à altura de tais formidáveis desafios.
Aécio sobrevive como o eterno neto de Tancredo Neves, aquele que seria o primeiro presidente do país após a longuíssima noite de trevas que foi a ditadura militar (1964-1984) e que, mesmo tendo sido eleito por colégio eleitoral em que disputou contra o sempre notório Paulo Maluf, não viveu o suficiente para subir com seus próprios pés a rampa do Palácio do Planalto. Mas Aécio se sente ungido por Tancredo para tornar real o que o destino impediu o avô de fazer.
Eduardo insiste no reforço à simbologia de ser o eterno neto de Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, cassado, exilado, anistiado e novamente eleito governador de Pernambuco. Se Tancredo Neves era perito em unir desafetos e em construir pontes sobre terreno minado, Miguel Arraes se firmou como líder de esquerda, aguerrido e progressista, favorável às ligas camponesas, apoiador de movimentos reivindicatórios, como o de uma reforma agrária na paz ou na marra. Tancredo conseguiu a proeza de granjear não apenas a simpatia dos líderes do partido que dera sustentação ao vil regime militar, como também conseguira o apoio de figuras estreladas da própria caserna. Arraes mudou tudo o que pode para permanecer exatamente como sempre fora – fiel às suas ideias, coerente em sua forma de fazer política, e qualquer coisa menos reacionário de direita, seja a moderada direita seja a direita de centro ou a extremada direita.
O que seus netos representam todos sabemos.
E sabemos também que nem um e nem outro representam, com mínima coerência, o pensamento e a trajetória de lutas que tornaram seus avôs campeões de liberdade e das lutas por justiça social.
Avô é avô e neto é neto.
A cantilena do senador Aécio Neves (PSDB/DEM) é de uma indigência de dar dó: a novidade é apresentar FHC como o eterno salvador da Pátria, o plano real como a mais brilhante ideia que se teve logo após a invenção da roda e um choque de gestão cada vez mais indigesto, porque não passa de um slogan como outro qualquer e com um agravante – tem o prazo de validade vencido.
A ladainha do governador Eduardo Campos (PSB-Rede) alardeia o que não pode entregar – um jeito novo de fazer política. Oras, que diabo de jeito novo é esse que vem escudado nas biografias tinindo de novas de políticos como a do piauíense Heráclito Fortes e o catarinense Jorge Borhausen? Como se faz um ideário novo usando sofismas antiquíssimos e ideias que sofrem de adiantado processo de esclerose?
A pisada da grande imprensa, cada vez mais dublê de partido de oposição sem cara e sem votos, é a de lançar na corrida para o Planalto o cada vez mais controvertido Joaquim Barbosa. Convenhamos, o ministro do STF recebeu selo de qualidade humana em desagregação ao conseguir criar tantos desafetos, inimizades, conflitos e atritos com um seleto grupo de apenas 10 outros juízes! Como jurista mostrou-se inapto ao cabo e ao fim do julgamento da AP-470 que teria sido a plataforma política que adernou antes mesmo de dizer a que veio. Como juíz político deixou tudo a desejar: esposou a mais fraca de todas as teses para condenar antigos líderes do partido que agora, sem qualquer tipo de quarentena e mesmo senso ético, anima-se a derrotar nas urnas.
Aécio, Eduardo e Joaquim são facetas de uma mesma concepção equivocada de fazer política, aquela ideia de que para o Brasil se tornar na nova Canaã onde jorrará o leite e o mel há que se reconhecer o Messias, o sujeito que em um passe de mágica alterará o ritmo e as transformações que o país enseja desde que aqui aportaram as caravelas trazendo Cabral e patrícios d´além mar.
E de Messias nada têm. E o pouco que imaginam ter na verdade não foi por eles conquistado. Os dois principais opositores à reeleição da petista Dilma Roussef levam consigo os laços sanguíneos, laços tênues que a um sopro mais vigoroso, ante ambições descontroladas, pode se transformar no que o autor de folhetim chamaria “a maldição dos netos”. Maldição porque precisam estar à altura dos relicários que desejam personificar. Maldição porque sabem não estar à altura de tais formidáveis desafios.
Aécio sobrevive como o eterno neto de Tancredo Neves, aquele que seria o primeiro presidente do país após a longuíssima noite de trevas que foi a ditadura militar (1964-1984) e que, mesmo tendo sido eleito por colégio eleitoral em que disputou contra o sempre notório Paulo Maluf, não viveu o suficiente para subir com seus próprios pés a rampa do Palácio do Planalto. Mas Aécio se sente ungido por Tancredo para tornar real o que o destino impediu o avô de fazer.
Eduardo insiste no reforço à simbologia de ser o eterno neto de Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, cassado, exilado, anistiado e novamente eleito governador de Pernambuco. Se Tancredo Neves era perito em unir desafetos e em construir pontes sobre terreno minado, Miguel Arraes se firmou como líder de esquerda, aguerrido e progressista, favorável às ligas camponesas, apoiador de movimentos reivindicatórios, como o de uma reforma agrária na paz ou na marra. Tancredo conseguiu a proeza de granjear não apenas a simpatia dos líderes do partido que dera sustentação ao vil regime militar, como também conseguira o apoio de figuras estreladas da própria caserna. Arraes mudou tudo o que pode para permanecer exatamente como sempre fora – fiel às suas ideias, coerente em sua forma de fazer política, e qualquer coisa menos reacionário de direita, seja a moderada direita seja a direita de centro ou a extremada direita.
O que seus netos representam todos sabemos.
E sabemos também que nem um e nem outro representam, com mínima coerência, o pensamento e a trajetória de lutas que tornaram seus avôs campeões de liberdade e das lutas por justiça social.
Avô é avô e neto é neto.
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