11 fevereiro 2012

HISTÓRIA, ESPORTES, CULTURA

Valores culturais, ontem e hoje

O poeta moderno e seu dilema

Ronaldo Correia de Brito

Publicado no Terra Magazine

O escritor italiano Roberto Calasso referiu que na Grécia os prêmios concedidos aos atletas eram bem mais valiosos do que os dos poetas. Vocês todos se lembram de que havia os torneios poéticos e neles os concorrentes apresentavam uma tetralogia, quatro tragédias sobre um mesmo tema. Os tragediógrafos mais conhecidos dessa época foram Ésquilo, Sófocles e Eurípides.

Desculpem tantas palavras difíceis, mas preciso de todas elas para desenvolver minha tese. Algumas dessas peças teatrais se tornaram tão famosas, que continuam sendo encenadas até hoje. O homem e o mundo transformaram-se através delas. Cito o exemplo de Édipo Rei, de Sófocles, que serviu de mote para as teorias de Freud e a psicanálise.

O planeta mudou bastante desde aquele tempo de Címon e Péricles. Os gostos também mudaram de alguns anos para cá. Alguém acredita que o difícil livro de Calasso, As Núpcias de Cadmo e Harmonia, onde suponho ter lido sobre as premiações, frequentou a lista dos mais vendidos, aqui no Brasil? Não dá para imaginar isso nos dias da saga Crepúsculo.

Mas voltemos à Grécia. Os prêmios concedidos aos vencedores eram odres de vinho e potes de azeite, nada comparável ao que ganham os atletas do futebol, quando vencem uma partida de campeonato. Pagaram fortunas aos jogadores da Espanha, após a vitória na última Copa do Mundo. Sem contar os salários milionários que eles já recebem dos clubes.

Os atletas levavam mais vinho e azeite para casa do que os poetas. E eram disputados pelos homens ricos, que os cobriam de presentes, interessados em outros dotes. Os escritores raramente estiveram nessas loterias amorosas: nunca primaram pelos músculos e alguns não tinham bom hálito. Portanto, desde a Grécia, aquele lugarzinho que está causando dor de cabeça à comunidade européia e tem fama de ser o berço da cultura e da filosofia ocidental, os atletas levaram a melhor. E olha que ainda não existia futebol, nem Messi e Neymar.

Outro escritor, o mexicano Octavio Paz, escreveu sobre a penúria em que viveram alguns poetas. Penúria é um eufemismo, um jeito delicado de esconder que muitos pediam esmolas. Paz refere que "o traço distintivo da Idade Moderna, do ponto de vista da situação social do poeta, é uma posição marginal. A poesia é um alimento que a burguesia - como classe - tem sido incapaz de digerir. Eis porque uma vez ou outra ela tentou domesticá-la". E acrescenta: "Muitos poetas contemporâneos, desejosos de salvar a barreira de vazio que o mundo moderno lhes opõe, tentaram buscar o perdido auditório: ir ao povo. Só que já não há povo - há massas organizadas. E assim, 'ir ao povo' significa ocupar um lugar entre os 'organizadores' da massa".

Esse lugar 'organizador' quem ocupa são os jogadores de futebol, lutadores do UFC, corredores de Fórmula 1, tenistas e heróis do Big Brother. Os que aparecem nas primeiras páginas dos jornais, nas capas das revistas, nos programas de televisão, em sites e blogs. Aos poetas que já foram sacerdotes, profetas, rebeldes, santos e bufões impuseram uma função burocrática.

Não lembro o nome de nenhum atleta grego, apenas os que foram celebrados na poesia ou nos relatos míticos, criados pela imaginação dos poetas. Nesse final de semana assistimos o duelo entre dois tenistas, o espanhol Nadal e o sérvio Djokovic, disputando o Torneio Aberto da Austrália. Disseram que foi a maior partida da história. Durante quase seis horas os atletas mostraram técnica, persistência e capacidade de superação dos limites fisiológicos, pondo suas vidas em risco. O mundo se comoveu e o vencedor ganhou um prêmio de cerca de dois milhões e meio. Bem maior do que alcança com o Nobel um físico, um político ou um poeta, após uma vida de pesquisas, estudos e dedicação à causa do homem.

Só quem chega às 'massas organizadas' merece os odres de vinho e os potes de azeite. O poeta mitiga sua solidão, incomunicável e pobre. Raramente vira um fenômeno de massas. Quando alcança isto, todos o achincalham e duvidam de que seja verdadeiramente um poeta.


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Depois das não-pessoas, os não-eventos

Aniversário dos “Sem-história”
6 de Fevereiro de 2012
Tradução: Heloisa Villela
George Orwell cunhou o termo “não-pessoa”, muito útil para as criaturas que têm suas existências negadas porque não toleram a doutrina do estado. Podemos somar o termo “sem-história” para nos referir às não-pessoas expurgadas da história em bases semelhantes.
A falta de história das não-pessoas ganha destaque nos aniversários de morte. Os importantes são, normalmente, comemorados com solenidade quando é apropriado: Pearl Harbor, por exemplo. Alguns não são, e podemos aprender muito sobre nós mesmo retirando-os da lista dos sem-história.
Neste momento não estamos marcando um evento de grande significado humano: o aniversário de 50 anos da decisão do Presidente Kennedy de deflagrar uma invasão direta no Vietnã do Sul, que logo se tornaria o caso de crime de agressão mais extremo desde a Segunda Guerra Mundial.
Kennedy mandou a Força Aérea bombardear o Vietnã do Sul (em Fevereiro de 1962, centenas de missões já tinham voado); autorizou a guerra química para destruir as plantações e matar de fome até a submissão a rebelião popular; e deu início ao programa que em última análise expulsou milhões de moradores do campo para as favelas dos centros urbanos, virtuais campos de concentração, ou “Hamlets Estratégicos”. Lá, os moradores estariam “protegidos” da guerrilha que, como a administração americana sabia, eles estavam dispostos a apoiar.
Esforços oficiais para justificar os ataques eram fracos e mais do que tudo, fantasiosos. Foi típico o discurso do presidente para a Associação Americana de Editores de Jornais, no dia 27 de Abril de 1961, quando ele avisou que “nós enfrentamos um movimento de oposição no mundo, uma conspiração monolítica e sem lei, que se apoia, principalmente, em métodos secretos para expandir sua esfera de influência”. Nas Nações Unidas, em 25 de Setembro de 1961, Kennedy disse que se a conspiração alcançasse seus objetivos em Laos e no Vietnã, “as cercas seriam escancaradas”.
O resultado de curto prazo foi documentado pelo muito respeitado especialista em Indochina e historiador militar Bernard Fall – nenhuma pomba (pacifista), mas um desses que se preocupava com as pessoas de países atormentados.
No começo de 1965 ele estimou que cerca de 66.000 vietnamitas do sul tinham sido assassinados entre 1957 e 1961; e outros 89.000 entre 1961 e Abril de 1965, quase todos vítimas do regime cliente dos EUA ou “do peso massacrante das armaduras americanas, do napalm, dos bombardeiros aéreos e, finalmente, dos gases que provocam vômitos”.
As decisões foram mantidas nas sombras, como são as consequências, que persistem. Para mencionar apenas um exemplo: “Schorched Earth”, de Fred Wilcox, o primeiro estudo sério do impacto horroroso e persistente da guerra química contra os vietnamitas, surgiu há poucos meses – e provavelmente vai se juntar a outros trabalho de não-história. O cerne da história é o que aconteceu. O cerne da não-história é fazer “desaparecer” o que aconteceu.
Em 1967, a oposição aos crimes cometidos no Vietnã do Sul atingiu uma escala importante. Centenas de milhares de tropas americanas estavam agindo de forma destrutiva no Vietnã do Sul e áreas de grande densidade populacional eram vítimas de bombardeios intensos. A invasão tinha se espalhado par ao resto da Indochina.
As consequências se tornaram tão horrendas que Bernard Fall previu que “o Vietnã, como entidade cultural e histórica… está ameaçado de extinção…, enquanto o campo literalmente morre sob os ataques da maior máquina militar jamais lançada contra uma área deste tamanho”.
Quando a guerra terminou oito devastadores anos mais tarde, a opinião majoritária estava dividida entre os que a chamavam de uma “causa nobre” que poderia ter sido vitoriosa com mais dedicação; e o extremo oposto, os críticos, para os quais havia sido “um erro” que se mostrou muito caro.
Ainda estava por vir o bombardeio da sociedade camponesa do norte do Laos, de uma magnitude que as vítimas passaram anos vivendo em cavernas para sobreviver; e pouco depois o bombardeio da zona rural do Camboja, que ultrapassou o nível da soma dos bombardeios aliados no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1970, o Assessor de Segurança Nacional dos EUA, Henry Kissinger, ordenou “a campanha de bombardeio massivo no Camboja. Tudo que voa em tudo que se move” – uma ordem de genocídio como raramente se viu em documentos arquivados.
Laos e Camboja eram “guerras secretas”, nelas a documentação era escassa e os fatos ainda são pouco conhecidos do público geral e até mesmo das elites educadas que, ainda assim podem recitar de memória os crimes, reais ou alegados, dos inimigos oficiais.
Em três anos nós poderemos –  ou não – comemorar outro evento de grande relevância contemporânea: o aniversário de 900 anos da Carta Magna.
Este documento é a fundação do que a historiadora Margaret E. McGuiness, ao se referir aos julgamentos de Nuremberg, aclamou como “um tipo de legalismo particular dos americanos: punição apenas para os se podia provar que eram culpados através de um julgamento justo com uma panóplia de proteções processuais”.
O Grande Capítulo declara que “nenhum homem livre” deve ser privado de direitos “com exceção do julgamento legal de seus pares e da lei local”. Os princípios foram expandidos depois para se aplicarem aos homens em geral. Eles cruzaram o Atlântico e entraram na constituição dos EUA e na Lei dos Direitos, que declarou: nenhum pessoa pode ser privada de seus direitos sem o devido processo e julgamento rápido.
Os fundadores (da democracia americana), claro, não tinham a intenção de usar o termo “pessoa” para designar todas as pessoas. Os índios americanos não eram pessoas. Nem os escravos. As mulheres raramente eram pessoas. Ainda assim, vamos nos prender ao cerne da noção que presume inocência, o que foi relegado a categoria de não-história.
Um passo mais adiante, para minimizar os princípios da Carta Magna, foi dado quando o Presidente Obama assinou o Ato de Autorização da Defesa Nacional, que codifica as práticas de Bush-Obama para prender indefinidamente, sem direito a julgamento, sob custódia militar.
Esse tratamento agora é obrigatório nos casos do acusados de ajudar as forças inimigas durante a “guerra ao terror”, ou são opcionais se os acusados forem cidadãos americanos.
A dimensão da medida é ilustrada pelo primeiro caso de Guantánamo a ser julgado durante a administração Obama: o de Omar Khadr, um ex-soldado criança acusado de crimes hediondos ao tentar defender a vila afegã onde morava quando ela foi atacada por forças dos EUA. Capturado aos 15 anos, Khadr ficou preso, durante oito anos, em Bagram e Guantánamo, até ser levado a um tribunal militar, em Outubro de 2.10, quando pode escolher entre se declarar inocente e ficar para sempre em Guantánamo ou se declarar culpado e servir mais outo anos. Khadr escolheu o último.
Vários outros exemplos ilustram o conceito de “terrorista”. Um deles é o de Nelson Mandela, retirado da lista de terroristas apenas em 2008. Outro foi Saddam Hussein. Em 1982 o Iraque foi retirado da lista de estados que apoiam o terrorismo para que a administração Reagan pudesse fornecer ajuda a Hussein, que acabara de invadir o Iran.
Acusações são caprichosas, sem revisão ou recursos, e comumente refletem objetivos de política – no caso de Mandela, para justificar o apoio do Presidente Reagan aos crimes do Estado de Apartheid para se defender do “grupo terrorista mais notório do mundo”: o <o>Nacional Africano de Mandela.


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A JUSTIÇA CONDENADA

Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa

A cassação do direito ao trabalho imposta ao juiz Baltazar Garzón pelo Supremo Tribunal da Espanha é destaque nesta sexta-feira, 10, na imprensa internacional. Não poderia ser diferente no Brasil, onde os jornais, embalados na controvérsia sobre o controle externo do Judiciário, também abrem grandes espaços para a notícia.
Dos três principais diários, apenas a Folha de S. Paulo não traz o assunto na primeira página. O Globo é o jornal que dá mais destaque ao tema, com chamada ao lado da manchete.
Pela decisão judicial, Garzón está proibido de exercer sua função pelos próximos onze anos, o que na prática encerra sua carreira de magistrado. A acusação, parte do conjunto de três processos encaminhados à corte, se refere à gravação, autorizada por ele, de conversas que revelam o envolvimento de altos dirigentes do Partido Popular em crimes de corrupção.
Os outros processos tratam da investigação, comandada por Garzón, sobre crimes cometidos pela ditadura de Francisco Franco, e de uma acusação por supostamente ter recebido dinheiro de entidades privadas para proferir palestras nos Estados Unidos.
Se tivesse prosseguimento, a investigação sobre os crimes do franquismo poderia envolver políticos e empresários poderosos da Espanha no desaparecimento de cerca de 110 mil opositores da ditadura que foi encerrada em 1975 com o Pacto da Moncloa. A alegação é de que Garzón teria violado as leis da anistia ao iniciar essa investigação.
Celebrizado por haver aberto processo que colocou na cadeia o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, responsabilizando-o pela morte de cidadãos espanhóis, Garzón se tornou um símbolo da luta pelos direitos humanos em escala global ao promover o julgamento de tiranos e terroristas em qualquer parte do mundo, ajudando a criar um padrão internacional na questão dos crimes contra a humanidade.
Não é apenas um sintoma o fato de que a acusação contra ele tenha sido uma iniciativa da organização de extrema-direita conhecida como “Manos Límpias”. Muitos dos acusados pelos crimes da ditadura franquista são de alguma forma ligados a esse grupo.
Não apenas nos jornais brasileiros, mas também na imprensa americana e europeia, a punição imposta ao magistrado é apresentada como uma decisão política cuja repercussão a Suprema Corte da Espanha terá que carregar como uma mancha por todo o futuro.
Destaca-se principalmente o fato de que Garzón não foi o único juiz a autorizar escutas na investigação desses crimes, nem a omissão dos órgãos superiores da Justiça durante esses procedimentos, mas foi o único a ser punido.
Nas redes sociais
A lista dos serviços prestados por Baltazar Garzón à Justiça mereceria um capítulo à parte.
Entre outras proezas, ele mandou para uma prisão na Inglaterra o general Pinochet e desmascarou o Riggs National Corporation, banco americano envolvido na lavagem de dinheiro da família do ditador chileno; reabriu os processos por assassinatos cometidos durante a ditadura franquista e, por consequência, expôs uma rede de corrupção que deu vitalidade a algumas das grandes corporações espanholas; condenou um ex-militar argentino e abriu os registros dos crimes da Operação Condor, acordo entre ditaduras latino-americanas para a execução de opositores; atacou a representação política do grupo separatista ETA, na Espanha, por ligações com o terrorismo; ajudou a desmantelar o braço espanhol da organização terrorista al-Qaeda; denunciou e desmanchou os esquadrões da morte criados no governo socialista da Espanha, durante os anos 1980, para assassinar militantes do movimento separatista basco; e, mais recentemente, abriu processo denunciando torturas contra prisioneiros na base americana de Guantánamo, em Cuba.
Como se vê, Garzón colecionou inimigos por toda parte e em todos os matizes da política internacional. Por essa razão, ele é tido como o representante de uma nova cepa de magistrados, cujo compromisso se resume a fazer Justiça.
Essa percepção fica clara na leitura dos arquivos de jornais sobre suas atuações desde o final dos anos 1990. Aos 56 anos de idade, Baltazar Garzón já se havia transformado em uma lenda viva, com uma atuação sem grandes eloquências e um estilo severo de trabalho, quando teve interrompida sua carreira.
Para reabrir os casos de crimes contra a humanidade, por exemplo, ele considerou que as leis nacionais de anistia, produzidas sob a ameaça de regimes ditatoriais agonizantes, são consideradas ilegítimas pelos tratados internacionais de direitos humanos, conforme lembra o desembargador aposentado Walter Maierovitch em entrevista ao Estado de S. Paulo.
Garzón ainda pode recorrer à Corte Europeia. Nesta manhã de sexta-feira, já surgem listas de solidariedade e apoio a ele em vários idiomas, que prometem se transformar em um novo fenômeno nas redes sociais.

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EM BUSCA DA ETERNIDADE

José Roberto Torero

Sabe o filme “Pelé Eterno”? 

Pois bem, um dia ainda veremos “Teixeira Infinito” e “Nuzman Forever”. Serão documentários com poucos gols, mas com dribles inesperados. E muitas jogadas. 

Os dois dirigentes esportivos se eternizaram em seus tronos. 

Ricardo I está há 23 anos à frente da CBF (a ditadura militar brasileira durou 22) e prorrogou seu mandato até 2014. 

Carlos Arthur I reina há 17 no COB, o mesmo tempo que durou a ditadura de Pinochet. E na semana passada lançou sua chapa, provavelmente sem concorrentes, explicitando que ficará por pelo menos mais quatro anos no poder. 

Richard e Arthur ainda não ultrapassaram ditadores famosos, como o albanês Enver Hoxha (40), o recém-deposto Kadafi (40), o português Salazar (42 anos), Kim Il-Sing (46) e Fidel Castro (49). 

Mas já estão bem à frente de outros, como Bokassa (13), que se autonomeou imperador (um tragicômico vídeo de sua coroação está aqui), como Getúlio Vargas (8, se contarmos só o Estado Novo), e como Idi Amin Dada (8), que matou 300 mil pessoas e virou nome de gorila no zôo de Belo Horizonte.

Há ditadores que conseguem a simpatia de grande parte da população. Alguns por pouco tempo, outros por muito. Hitler, por exemplo, teve 89,9% dos votos no plebiscito que lhe deu o governo da Alemanha. E minha avó chamava Getúlio de “Pai dos pobres”. Mas o amor do povo aos ditadores é algo bem raro. O desgaste de um governo longo é gigantesco. Não é à toa que eles têm que manter as cadeias cheias e matar tanta gente.

Porém, há jeitos mais sutis de se manter no trono. Você pode prorrogar mandatos, o que foi feito por Ricardo Teixeira e por José Sarney, ou você pode mexer na forma de eleição, controlando os eleitores.

Este controle pode ser econômico (“Se você não votar em mim, não te repasso a verba”), jurídico (“Se você não votar em mim, digo que sua federação está irregular”) ou regimental (“Só vota quem faz parte da minha diretoria”).

Tanto esforço para se manter no poder tem que ter suas razões. Cá entre nós, deve ser muito bom ser um ditador. Você tem luxo, mulheres, empregados e dinheiro, ou seja, um vidão. 

Mas não são apenas a luxúria e a cobiça que são satisfeitas com a ditadura. Não sejamos simplistas. Conquistas carnais e materiais são importantes, mas os ditadores também têm almas profundas. Eles não estão acima, ou abaixo, dos problemas da metafísica. 

No fim das contas, acredito que a grande luta dos ditadores, sejam eles africanos, europeus, americanos, asiáticos ou do mundo do esporte, é vencer a morte.

Sim, confessemos: o que todos nós queremos é ser imortais. Ou ter a ilusão de que somos. E uma das maneiras mais eficazes para isso é sentir-se superior aos outros homens.

Por isso competimos. Por isso queremos que nossos times vençam e por isso queremos ganhar prêmios literários. 

Aliás, os honoráveis membros da Academia Brasileira de Letras deixam explícito seu desejo de escapar da “indesejada das gentes” ao chamar seus integrantes de imortais. Só que buscam a eternidade pelo reconhecimento intelectual, não pelo poder. É tão inútil quanto, mas ao menos não faz mal a ninguém.

O problema do ditador é que sua fome é insaciável. São como vampiros que matam para viver mais um dia. E às vezes isso não é metáfora.

Mas não adianta. A morte chegou para Idi Amin, para Salazar, para Hitler e chegará para todos. Ela é implacável. E totalmente democrática. A morte iguala o rico e o pobre, o negro e o branco, o homem e a mulher, o ditador e o zé das couves.

Só se é eterno na memória das pessoas. E aí não adiantam cetros, coroas ou prorrogação de mandatos. 

Se alguém quer ser eterno, o jeito é fazer mil gols.
Fonte: www.cartamaior.com.br

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

Libertadores, o primo pobre na roda da fortuna
do planeta bola

José Roberto Malia, colunista da ESPN Brasil

Sonho de consumo de 11 de cada 10 equipes brasileiras e obsessão de um ‘bando de loucos’, a Libertadores faz jus à cobiça: é disparado o... oitavo torneio mais valioso do mundo.

Levando-se em conta o valor de cada elenco, as 32 equipes classificadas cravam um total de R$ 2,5 bilhões, R$ 370 milhões a mais que o Brasileirão, de acordo com estudo da empresa Pluri Consultoria.

A glamorosa e cobiçada conquista da América leva goleada da Liga dos Campeões (R$ 11,7 bilhões), Liga Europa (R$ 8 bi), Premier League (R$ 7,6 bi), Liga Espanhola (R$ 6 bi) e Calcio (R$ 5 bi).

Também apanha da Bundesliga (R$ 3,9 bi) e da Liga Francesa (R$ 3,2 bi). Mas pode cantar de galo sobre os Campeonatos Russo (R$ 2 bi), Turco (R$ 1,9 bi) e Português (R$ 1,8 bi). Os hermanos dançam o tango na 18ª posição (R$ 1 bi).

O estudo da consultoria indicou ainda que o valor somado dos seis representantes da pátria de chuteiras supera R$ 1,1 bilhão – Santos, R$ 315 milhões; Internacional, R$ R$ 193 mi; Corinthians – R$ 165 mi; Fluminense – R$ 156 mi; Flamengo – R$ 155 mi; e Vasco – R$ 154 mi.






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