
O campo e os Brics
Mauro Santayana, no JB online
Mais uma vez, é preciso tomar cuidado com os cantos de sereia do “ocidente”.
O agronegócio brasileiro conhece, há anos, as múltiplas facetas do protecionismo europeu na área de alimentos, que vai da mera taxação da mercadoria, à restrição de cotas, barreiras sanitárias de todo tipo, e fartos subsídios para a sua agricultura e suas exportações, que subtraem e sabotam a competitividade de nossos produtos em várias regiões do mundo.
Por um lado, os europeus falam de “livre comércio”, mas atrasam o fechamento de sua proposta ao MERCOSUL no contexto das negociações comerciais em curso; diversos países predominantemente agrícolas recentemente incorporados ao euro colocam obstáculos ao acordo; e diversos setores da agricultura europeia, reunidos em organizações como a COPA e a COGECA, lançam manifestos contra qualquer acordo com os nossos países.
Para o agronegócio brasileiro, é fácil raciocinar: é melhor aproximar-se de um dos maiores importadores de alimentos do mundo, que é a Rússia, e da China e da Índia, países que estão crescendo mais de 5% ao ano, e incorporando dezenas de milhões de pessoas ao consumo a cada ano – todos eles nossos parceiros no BRICS?
Ou investir tempo e energia com a Europa, um continente no qual a curva demográfica é descendente, o crescimento está estagnado e a população se encontra em acelerado processo de envelhecimento?
Um continente que é o maior exportador mundial de alimentos, e que concorre diretamente conosco, subsidiando direta e indiretamente seus produtos no mercado internacional?
Na hora de negociar, não devemos bater a porta na cara de ninguém. Mas não podemos perder de vista, nem os nossos interesses, nem a lógica, nem a razão.
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