Mauro Santayana, no JB online
A morte de Eduardo Campos, uma dura perda para a democracia, ocorre na mesma data de agosto em que seu avô, Miguel Arraes, faleceu, há nove anos.
Seu advogado, Sobral Pinto, impetrou pedido de habeas-corpus junto ao Supremo Tribunal Federal, que o concedeu por unanimidade. Sobral aconselhou-o a aproveitar a liberdade e partir imediatamente para o exílio.
O destino era a França, que lhe negou asilo. Partiu então para a Argélia, onde conseguiu trabalho e viveu até a anistia.
Eu o conheci quando era prefeito de Recife e o entrevistei para o Binômio, semanário de Belo Horizonte. O melhor depoimento sobre Arraes governador é uma série de reportagens publicadas neste Jornal do Brasil por Antonio Callado.
A brutalidade dos senhores de engenho e a miséria dos trabalhadores rurais eram tamanhas que Callado as resumiu em uma frase: ali, a honra, como o banheiro, só existia na casa grande.
As filhas dos trabalhadores da cana a ela não tinham direito. Arraes incentivou Francisco Julião e suas Ligas Camponesas, para descobrir, mais tarde, que elas só existiam no verbo inflamado de seu pretenso líder.
Mas conseguiu, durante seu governo, aumentar o salário dos trabalhadores dos canaviais e dos engenhos, e promover a formação dos sindicatos rurais como braço político das Ligas Camponesas. É essa tradição de vida pública, que ele soube seguir, que se interrompe com a morte de Eduardo Campos.
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