04 novembro 2014

A HORA É DE DILMA


Avançar na democracia é, primeiro,
afirmar a democracia


Fernando Brito, no TIJOLAÇO


dilmaposse
O aprofundamento da democracia política e social começa, é claro, pela defesa de sua existência contra a manipulação e o golpismo.
É claro que isso, em momento algum, se confunde com a ideia de “etapas estanques”, mas exatamente o contrário: a defesa das liberdades é a mais eficaz das formas de levá-la a avançar.
Por isso, o maior desafio do novo Governo Dilma é, num aparente pleonasmo, governar.
Afirmar o direito e o dever de implementar as ideias defendidas perante o povo brasileiro – e vitoriosas – é tarefa que deve começar já, sem prejuízo do diálogo necessário com as forças aliadas e com a oposição.
Durante uma semana os movimentos das forças políticas – deixado livre, como convém à democracia – foi marcado pelas manifestações de inconformismo e até de contestação da democracia, desde as insólitas manifestações fascistas de São Paulo ao jogo de chantagens que se desenhou no Congresso, não apenas com a busca do desacordo imediato como com as promessas de problemas futuros para a administração democrática do país.
Começa, agora, a fase dos gestos concretos do Governo que se inicia com um recado claro e indispensável à democracia: o de que a sociedade brasileira escolheu seus caminhos e estes caminhos serão trilhados.
Sem intransigências, sem exclusões, sem discriminações. Mas também sem tergiversar com a defesa de sua legitimidade e liderança no processo de condução do país.
E, além de se dirigir ao povo brasileiro com esta serena garantia, é importantíssimo que a Presidente designe os seus delegados para a interlocução com todas as forças políticas, de sua base – ou do que é, em tese, sua base – e os da oposição.
O governo novo, de idéias novas, começa pela adoção da ideia mais ausente no primeiro mandato: a da necessidade da comunicação política com a população, o de explicar-lhe claramente a necessidade de reconduzir o diálogo político aos níveis de convivência civilizada que grupos derrotados insistem em não aceitar e a adoção de algumas iniciativas objetivas para cumprir o que foi dito aos brasileiros no próprio “jingle” da campanha: O que está bom vai continuar, o que não está, a gente vai melhorar”.
Esta é uma tarefa essencialmente de Dilma, muito mais do que de Lula, do PT, e menos ainda dos aliados.
Ainda esta semana, ela deve falar ao povo brasileiro, indicando esta disposição invencível de exercer o mandato que lhe foi conferido, sempre com  a abertura ao diálogo com os partidos e com o Congresso e apontando suas primeiras medidas de correção dos problemas que o Brasil enfrenta, em meio a uma situação instável no mundo e saindo de um impiedoso ataque dos que fizeram do desaquecimento econômico, também, uma ferramenta dos seus interesses políticos.
É obvio que isso não será feito às pressas, até porque um governo eleito dita o ritmo de suas ações e não as adota no tempo e na forma em que o próprio acirramento das paixões as inviabilize e faça fracassar, por unilaterais.
Mas também não pode tardar, porque na percepção da opinião pública o segundo governo Dilma já começou, não é que vá começar no primeiro dia de janeiro, como seria com outro Presidente à frente.
Um dos acertos e causa da vitória presidencial nas eleições foi, justamente, o fato de Dilma ter rompido a posição defensiva de seu Governo e adotado como linha mestra o comunicar-se diretamente com a população.
Isso precisa seguir.
As forças de esquerda, que desejam mais avanço e aprofundamento do processo não estão criando nem vão criar qualquer problema para que Dilma assuma o comando, de fato, do processo político, sem as ilusões de que todos possam ser agradados, ainda mais num momento em que os ódios, insuflado pela mídia e por algumas lideranças tucanas, estão acirrados e, em alguns casos, tenham rompido mesmo as condições de qualquer interlocução.
Ao contrário, não apostamos nem no conflito nem no acirramento das tensões provocadas pelo gesto golpista dos que tentam invalidar a vontade popular e uivam, como lobos, por uma ditadura.
Sabemos que este tipo de autoritarismo, que quer nos dividir e nos fazer sangrar uns aos outros, transformando eleição em “guerra infinita” não tem chão para prosperar se o governo legítimo do país ocupar o terreno da política.
Mas é preciso que Dilma o assuma e certamente ela o fará no seu tempo, que não demora.
A hora, agora, é de Dilma.
 
 

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