19 setembro 2014

SÓ PARA MOSTRAR-SE NA TV

Com o corrupto da Petrobras


A percepção oferecida pelo plenário da CPI era a de que os congressistas estavam ali só para mostrar-se na TV

Embora pelo pior motivo, que é o seu arranjo para delatar companheiros de corrupção e, em troca, receber liberdade, a recusa de Paulo Roberto Costa a responder perguntas deu à CPI mista da Petrobras o descaso merecido. Esnobou, diriam as ruas, se perdessem algum tempinho em atenção à gaiatice de mau gosto que foi a falsa sessão para ouvir o corrupto da Petrobras.

Admitida por obrigação a possibilidade de exceções, pode-se assegurar que ninguém na CPI estava interessado em inquérito algum. Já como preliminar, todos ali sabiam que Paulo Roberto Costa estava judicialmente autorizado a não dar, a senador ou deputado nenhum, a consideração de uma resposta. Ainda que mentirosa. Mesmo assim, no silêncio da sua cara inexpressiva e imutável, era dele a única atitude, ali, de evidente autenticidade.

A percepção oferecida pelo plenário da CPI era a de que os deputados e senadores estavam ali só para mostrar-se na TV. À custa de esticarem o pescoço ou o palavrório embromador, para obter mais alguns segundos do seu principal objetivo parlamentar. Com a transmissão ao vivo da falsa sessão inquiridora, até a oposição compareceu à CPI que até agora não lhe mereceu o devido comparecimento, que dirá contribuição. O grave assunto Petrobras só tem interessado a oposição como assunto que leva às páginas de jornais, pelo mesmo motivo eleitoral.

Mas não convém restringir ao ambiente da CPI a preferência de Paulo Roberto Costa pelo silêncio. A delação premiada é o compromisso de abrir os fatos ao conhecimento do Ministério Público e da Justiça. Se, porém, esses condutores do processo propõem ou aceitam a delação que pagam com a liberdade do acusado, é que não chegaram, por si, ao conhecimento dos fatos. Logo, não sabem qual foi a totalidade dos fatos, nem quais são todos os envolvidos. O delator controla o jogo, vai comprando liberdade com o gasto necessário, e só até o necessário. Supor que Paulo Roberto Costa haja citado tudo desde o seu começo, e, sobretudo, todos, será um erro.
 
 
(Extraído do ESQUERDOPATA)
 
 

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