E FIZEMOS A COPA
A tristeza com o desempenho da Seleção não deve esconder a vitória fora de campo, que mostra amadurecimento do país
Paulo Moreira Leite, em seu blogue
A tristeza com a Seleção não pode esconder uma vitória importante. Se a equipe ficou em quarto lugar, o país fez uma ótima Copa
Os alemães fizeram a festa no Maracanã mas nunca é demais repetir que os brasileiros também têm o direito de festejar a Copa de 2014.
Essa foi a originalidade desta Copa.
Na maioria dos mundiais, os brasileiros festejavam seu futebol mas tinham pouco a celebrar sobre seu próprio país. Consolavam-se dizendo que viviam no país do futebol.
Em 2014, vivemos a situação contrária.
O país afirmou-se com uma nação suficientemente equipada para sediar o maior evento privado do mundo contemporâneo, que acumula uma audiência total próxima de 30 bilhões de espectadores somados da primeira a ultima partida.
A Copa não apenas ocorreu sem incidentes relevantes. Marcou um mês de festa e confraternização, onde era possível torcer e divertir-se num ambiente de conforto e segurança.
A Copa foi um evento organizado e preparado com eficiência. Mostrou que o Estado brasileiro é capaz – quando há decisão política – de realizar um evento cuja grandeza intimidava diversos observadores supostamente preparados e qualificados.
Também mostrou milhões de cidadãos culturalmente preparados para um acontecimento dessa natureza.
As nossas mazelas, típicas de uma nação que está longe de ter atingido seu desenvolvimento pleno no campo econômico e social, ficaram claras nas mortes dos trabalhadores que deram energia e suor para levantar os estádios. A industria da construção civil brasileira segue, cotidianamente, uma das campeãs de acidentes de trabalho. Essa situação não se modificou – lamentavelmente.
Outro drama envolveu a remoção de famílias que foram forçadas a deixar suas residências, para dar passagem a obras ligadas a Copa e também a investimentos de infraestrutura. O número de atingidos foi um pouco superior a 10% das estimativas gigantescas divulgadas com grande alarde como parte da propaganda anti-Copa. Sob certo aspecto, o número não importa. Mesmo lembrando que em sua maioria eram investimentos necessários, que irão beneficiar o conjunto da sociedade, essa situação não diminui o drama das famílias e de cada pessoa atingida, que deve ser tratado com a atenção merecida.
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